O Haiti não é um país que possui soberania, democracia ou liberdade, mas sim é uma nação tutelada pelos Estados Unidos e pela ONU, que vive uma herança de castigos por ter realizado sua independência no século XIX. Essa é a visão do historiador e professor da USP Everaldo de Oliveira Andrade, que lança nesta terça-feira (26/11) o livro Haiti: Dois Séculos de História (Alameda, R$66).
Em entrevista a Opera Mundi, o pesquisador disse que a nação caribenha foi castigada pela “ousadia” de realizar sua independência dos colonizadores franceses em 1804 em um país formado por pessoas negras escravizadas. Hoje, diz o professor, o Haiti busca se ver livre do domínio das grandes potências.
“No Haiti, os escravos se libertaram e conquistaram a independência. Isso criou uma maldição, segundo certa leitura: o Haiti não poderia dar certo, não é possível que escravos negros possam ter a ousadia de construir um país independente. E, a partir daí, todos os países no século XIX que puderam, tentaram inviabilizar o desenvolvimento do Haiti”, diz.
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Segundo Andrade, as diversas intervenções dos EUA no Haiti buscavam inviabilizar experiências democráticas na ilha. E isso provoca, diz, um silenciamento do país, com objetivos claros. “Ao silenciar o Haiti ou mostrá-lo como espaço do caos e da miséria, se está construindo uma leitura de que os haitianos são os responsáveis por isso, de que é produto da inviabilidade do Estado haitiano”, diz.
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Para Everaldo de Oliveira Andrade, Haiti foi castigado pela ‘ousadia’ de se tornar independente
Veja a entrevista completa em vídeo: