O Ministério das Relações Exteriores da Rússia repudiou nesta sexta-feira (16/02) as acusações, sem provas, por parte dos países ocidentais sobre envolvimento do presidente da Rússia, Vladimir Putin, na morte do seu principal opositor político, o advogado Alexei Navalny.
“A forma como os líderes, políticos e meios de comunicação ocidentais responderam à notícia da morte de Navalny revelou mais uma vez a sua hipocrisia, cinismo e falta de princípios”, declarou a pasta por meio das redes sociais.
O Ministério ainda afirmou que “esta é a abordagem de “culpar a Rússia primeiro” em ação” ao trazer uma nota resgatando o que diversos líderes ocidentais afirmaram sobre Putin no caso.
“A reação instantânea dos líderes da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) à notícia do falecimento de Alexey Navalny sob a forma de acusações diretas contra a Rússia é contraproducente”, também declarou a porta-voz da pasta, Maria Zakharova.
? Russian MFA Spox Maria Zakharova:
The instant reaction of NATO leaders to the news of Alexey Navalny's demise in the form of direct accusations vs Russia is self-exposing.
No forensic medical examination data IS available, yet the West has already voiced its “conclusions” pic.twitter.com/BTrqV5aEak
— MFA Russia ?? (@mfa_russia) February 16, 2024
“Não há dados de exames médicos forenses disponíveis, mas o Ocidente já expressou as suas “conclusões”, criticou a representante russa.
Por meio das redes sociais, o Ministério ainda questionou o porquê a Casa Branca e o Departamento de Estado dos Estados Unidos “consideram a morte de um cidadão russo em uma prisão russa [referindo-se à Navalny] muito mais importante e horrível do que a morte de um cidadão norte americano, o jornalista Lira Gonzalo, que foi torturado até a morte em uma prisão ucraniana”.
Por fim, a pasta ainda classificou o posicionamento do governo norte-americano como “cinismo ultrajante”.
❗️Outrageous cynicism
I wonder why the @WhiteHouse & the @StateDept found the death of a Russian citizen in a Russian penal colony much more important & horrific than the death of an American citizen, journalist @GonzaloLira1968, who was tortured to death in a Ukrainian prison❓ pic.twitter.com/T1MiJtcE9s
— MFA Russia ?? (@mfa_russia) February 16, 2024
Acusações do Ocidente
Entre diversos comentários sobre a morte de Navalny, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, enviou condolências às pessoas que trabalhavam e apoiavam o político russo, afirmando “que continuarão o seu trabalho, apesar das tentativas de Putin para reprimir a oposição”, responsabilizando Putin pela morte de advogado.
Já o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, acusou, sem provas, que Navalny 'claramente foi morto por Putin, como milhares de outros que foram torturados até a morte”.
O secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, disse que “a Rússia precisa responder a todas as perguntas” sobre o caso. E a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que este era “um lembrete sombrio do que Putin e seu regime são”.
Opositor da Rússia
Navalny estava detido em uma remota colônia penal em Kharp, conhecida como “Lobo Polar”, localizada no Círculo Polar Ártico. Ele havia sido condenado a 19 anos de detenção por “extremismo”.
O opositor cumpria pena em um regime normalmente reservado a condenados à prisão perpétua ou detentos perigosos.
O político foi peça chave nos protestos de 2011 e 2012 na Rússia, que denunciaram suposta fraude eleitoral e corrupção no governo comandado por Putin. O auge de sua trajetória no mundo da política foi em 2013, quando obteve 27% dos votos em uma eleição para prefeito de Moscou.
Ao longo de suas investigações contra o governo russo, Navalny também identificou um suposto palácio construído no Mar Negro para uso pessoal do de Putin, bem como mansões e iates utilizadas pelo ex-premiê e ex-presidente Dmitri Medvedev.
Em 2020, Navalny chegou a ficar em coma ao ter sido envenenado com novichok e recebeu tratamento na Alemanha. O político voltou ao seu país natal no ano seguinte, onde foi detido e condenado a várias penas de prisão que totalizariam mais de três décadas atrás das grades.
(*) Com Ansa e TeleSUR