No dia 29 de abril de 1624, o rei Luis XIII, à época com 23 anos, traz para perto de si o cardeal duque de Richelieu, Armand Jean du Plessis. Os dois iriam fazer da França, ainda feudal e desorganizada, um Estado centralizado e forte.
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Nascido em 5 de setembro de 1585, Armand du Plessis torna-se bispo da modesta localidade de Luçon apenas depois de ordenado. Se bem que tivesse preferido seguir a carreira militar, mostrou-se, ao longo da vida, um homem sinceramente piedoso.
Foi descoberto nos Estados Gerais de 1614 pela regente Maria de Médicis, mãe de Luis XIII. É indicado secretário de Estado para o Interior e a Guerra. Porém, o assassinato do marquês d’Ancre, favorito da regente, o leva a se retirar temporariamente do poder.
Hábil, retoma as simpatias da rainha-mãe e a faz se reconciliar com o filho. Esta proeza é recompensada pelo solideu cardinalício. Mais tarde, Maria de Médicis cai em desgraça. Seu filho a proibe de assistir às sessões do Conselho. No entanto, pela força da persuasão, consegue que o cardeal participe delas, imaginando que ele serviria aos seus interesses. Cálculo equivocado.
O rei logo percebeu no cardeal talento e devoção. Quatro meses depois, lhe oferece a direção do Conselho. No posto de “principal ministro”, o cardeal revelaria um extraordinário gênio político. É recompensado com os títulos de duque e de par em 1629.
Trabalhador incansável, não dormindo mais que quatro horas, iria se dedicar até a morte ao serviço do Estado.
Num primeiro momento, contém a nobreza, reprime duelos e complôs e reforça a autoridade do rei – regime que seria chamado de absolutista durante a Revolução. Foi hábil também em se cercar de homens de talento.
Visionário, estimulou expedições marítimas de longo curso. Apaixonado pelo mar, outorgou-se em 1626 o título de grande mestre e superintendente geral da Navegação e do Comércio. Criou companhias monopolistas para facilitar as ações de colonização, lançando as bases do primeiro império colonial francês – Martinica, Canadá, Madagascar. O objetivo dessas companhias era sobretudo prover a metrópole de açúcar, produto de luxo tradicionalmente adquirido nos países muçulmanos, o que provocava importantes saídas de metais preciosos.
Consciente da importância do comércio marítimo e preocupado com a concorrência dos holandeses, precursores nesse domínio, o cardeal Richelieu adquire em 1626 um navio mercante holandês. Rebatizado de Fleur de Lys, foi colocado à disposição dos armadores franceses para que nele se inspirassem na construção de seus próprios barcos.
Determinado e um pouco cínico e maquiavélico, Richelieu combate com eficácia os protestantes domésticos e seus aliados ingleses, não que quisesse pôr em causa o Édito de tolerância de Nantes, mas não aceita as veleidades emancipatórias dos protestantes e os complôs da alta nobreza. Após o cerco de La Rochelle e o Édito de Alès não restou grande coisa do antigo poderio dos protestantes franceses.
Reprime com dureza as revoltas camponesas, como a Revolta dos Croquants, que se multiplicavam no final do reinado devido à miséria e a guerra. Garante a tranquilidade sobre as fronteiras do país, não hesitando em se aliar aos protestantes alemães para dividir a Alemanha, com o fim de debilitar a casa católica dos Habsburgos que, de um lado, governava a Espanha, e de outro, os Estados austríacos.
Vitorioso em todas as intrigas e conspirações graças ao apoio constante do rei Luis XIII, Richelieu é tido como o primeiro estadista moderno, preocupado com o interesse nacional, contra ventos e marés.
Também nesse dia:
1968 – Musical Hair estreia na Broadway
1962 – URSS recupera satélite artificial Cosmos IV
1972 – Bolívia inaugura gasoduto e passa a exportar gás natural para a Argentina
1995 – Jean-Bertrand Aristide, anuncia a dissolução do Exército do Haiti
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