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No dia 2 de junho de 1882, morre aos 74 anos Giuseppe Garibaldi, figura romanesca da Itália que passou a vida inteira em busca de um ideal e acabou intitulado como Heroi de Dois Mundos.
Nascido em Nice, em 4 de julho de 1807, Garibaldi, deixa sua casa com apenas 13 anos e se entusiasma pelas ideias revolucionárias. Em 1833, junta-se ao movimento Jovem Itália, de Giuseppe Mazzini. Por ocasião de um levante em Gênova, recebeu como missão se apoderar da frota sarda, mas o complô foi descoberto e ele mesmo foi condenado à morte por desobedecer ordens judiciais.
A sorte, que não o abandonou em momento algum de sua vida, fez com que ele conseguisse fugir. Chega a Marselha, de onde embarca para o Império do Brasil. Garibaldi se junta no Rio Grande do Sul a um levante dos republicanos locais contra o imperador. A rebeldia fracassaria mas, tempos depois, consegue atravessar a fronteira do Uruguai para defender a independência deste país perante as pretensões do ditador argentino Juan Manuel de Rosas.
Em 1843, reúne uma pequena tropa de combatentes composta, em parte, por exilados italianos. Em lugar de fardas militares, Garibaldi veste sua legião com um poncho, um barrete de gaúcho e uma túnica vermelha inspirada no uniforme dos operários dos abatedouros de Buenos Aires.
Os legionários de Garibaldi seriam, por essa razão, conhecidos como os camicie rosse (camisas vermelhas). Suas tropas, reforçadas por escravos recentemente libertados, resiste em Montevidéu ao cerco da capital pelas tropas do ditador argentino. Conquista em 1846 uma importante vitória em Sant'Antonio, que iria ter uma imensa repercussão nos meios liberais europeus e torna amplamente conhecido o nome de Garibaldi.
No decurso de sua permanência na América do Sul, o sedutor combatente seduz e sequestra a brasileira Anna Maria Ribeiro de Silva, jovem casada 15 anos mais jovem que ele. Mais conhecida como Anita, ela se casaria com ele em 1842 e permaneceria do seu lado até a morte. Teria dois filhos, Menotti e Riciotti, e uma filha, Teresita.
Em 1848, Garibaldi retorna à Europa e encontra o continente em ebulição. Cria uma nova tropa de voluntários e leva-os a Roma, onde Mazzini acabava de proclamar a república. Derrota o corpo expedicionário francês do general Oudinot em 30 de abril de 1849 mas não consegue salvar a república romana. Em 2 de julho de 1849, brada a seus homens as palavras que o primeiro-ministro britânico Winston Churchill retomaria em 1940: “Só tenho a lhes oferecer sangue, suor e lágrimas”.
Recuando diante dos franceses, atravessa a cadeia montanhosa dos Apeninos e se refugia na pequena república de San Marino. Os austríacos oferecem anistia aos legionários, mas Garibaldi e 250 refratários a recusam, embarcando para Veneza.
A travessia seria difícil. Anita, vítima de um ferimento de bala, teve de interromper a marcha de emergência às margens do rio Pó. Morre por falta de cuidados numa cabana de pescadores.
Em abril de 1860, eclode na Sicília um levante contra o rei das Duas Sicílias. Estabelecido em Nápoles, Garibaldi desembarca perto de Palermo, acompanhado de cerca de mil voluntários. Daí surgiria a Expedição dos Mil.
Demonstrando incrível audácia, conquista a Sicília e, depois, marcha rumo a Nápoles. Lá entrega o reino ao rei de Piemonte-Sardenha, que pôde então se proclamar monarca da Itália. Desdenhando das honras, Garibaldi recruta em 1862 uma tropa para tomar a Cidade Eterna do Papa, então sob proteção francesa. Era demais. O rei o prende para, logo em seguida, libertá-lo.
Em 1867, lança-se novamente ao ataque contra o reduto romano. Contudo, é derrotado pelas tropas francesas e papais em Mentana. Em 1871, é finalmente alcançada a unidade italiana. Mas Garibaldi, com 64 anos, não iria descansar. Desembainha sua espada a serviço dos republicanos franceses e o general Gambetta lhe confia o comando de 10 mil atiradores do exército de Vosges.
Diante da Asssembleia Nacional francesa, Victor Hugo refere-se a ele como homem de grande “potência”. Giuseppe Garibaldi se aposenta definitivamente na ilha de Caprera, perto da Sardenha. Lá redigiria suas memórias até morrer.
Também nesse dia:
1953 – Elizabeth II é coroada rainha do Reino Unido
1946 – É abolida a monarquia italiana
1950 – McCarthy diz que Departamento de Estado tem comunistas infiltrados
1983 – Leopold Sedar Senghor é o primeiro escritor negro a entrar para a Academia Francesa de Letras
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