Em 17 de março de 1915, logo no início da Primeira Guerra Mundial, o governo francês proíbe a produção e o consumo do licor de absinto, uma planta aromática de sabor amargo.
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O absinto, bebida alcoólica esverdeada, era preparado com azeite de absinto, anis e outras plantas aromáticas. Esses licores eram originários do Val-de-Travers, onde mãe Henriod, uma habitante local, preparou no século XVIII um elixir de absinto com finalidades terapêuticas.
A substância difundiu-se pela região graças ao doutor Ordinaire. Em 1797, o major Dubied adquire a fórmula e abre a primeira fábrica da bebida, em Couvet, na Suíça. Em 1805, seu cunhado e sócio inauguraria sua própria destilaria em Pontarlier sob o rótulo de Pernod e filhos.
Em 1830, quando da conquista colonial da Argélia, aconselhava-se aos soldados que adicionassem à água algumas gotas do licor, pois isso resolveria, ou, pelo menos, aliviaria, problemas no aparato digestivo.
Os soldados tomaram gosto pela bebida e, de volta à França, continuaram a consumi-la graças às suas virtudes terapêuticas.
O absinto inspirou artistas e poetas como Degas, Toulouse-Lautrec, Baudelaire, Verlaine e Oscar Wilde, que conferiu-lhe o epíteto de “fada verde”.
No entanto, o absinto possui uma substância tóxica, a tujona, que ataca o sistema nervoso de consumidores abusivos, provocando espasmos e convulsões.
No final do século XIX, a bebida tornou-se também sinônimo de degradação da classe trabalhadora pelo alcoolismo. Emile Zola a estigmatiza num romance intitulado L'Assommoir (A Taberna,1877). Seus efeitos revelaram-se desastrosos nas trincheiras da Grande Guerra, daí sua proibição pelo governo francês. A Suíça já a tinha interditado desde 1908.
Todavia, em 1920, sob pressão dos destiladores, as bebidas anisadas foram novamente autorizadas na França. Em 1932, um jovem marselhês, Paul Ricard, comercializa uma variante do anis de Pontarlier sob o rótulo de pastis, nome extraído de uma expressão provençal que significa mistura ou confusão.
Consumido com moderação e dissolvido em boa porção de água fresca, o pastis assumiu ares de nobreza graças ao escritor Marcel Pagnol e contribui ainda hoje para a alegria de viver dos habitantes de Marselha.
Em 1º de março de 2005, a Suíça revogou a interdição de 1908 da fabricação e comercialização do absinto, limitando porém a taxa de tujona a 35 miligramas do composto por litro. Em Val-de-Travers, contudo, a “fada verde” jamais deixou de ser fabricada na clandestinidade.
Também nesse dia:
1901 – Onze anos após suicídio, quadros de Van Gogh são exibidos em Paris
1861 – Vítor Emanuel II é proclamado primeiro rei da Itália
1969 – Golda Meir assume o posto de primeiro ministro de Israel
180 – Morre o imperador filósofo do Império Romano, Marco Aurélio
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