O general russo Pyotr Wrangel, líder do Exército Branco, sucumbe em Sebastopol, em 16 de novembro de 1920, frente aos bolcheviques do Exército Vermelho, que havia cercado o istmo de Perekop e tomado a cidade, obrigando Wrangel e seus aliados a bater em retirada. A vitória dos bolcheviques pôs fim à guerra civil que envolveu a Rússia depois da Revolução de Outubro de 1917.
A guerra civil russa foi um conflito armado que eclodiu em 1918 e terminou efetivamente em 1920. Durante este período, tropas de ocupação de 13 países estrangeiros mais exércitos e milícias de diversos matizes políticos, ex-generais tzaristas, republicanos liberais (cadetes), milícias anarquistas do exército insurgente makhnovista, reunidos no que se convencionou chamar de Exército Branco, tentaram derrotar a Revolução bolchevique para fazer voltar o status quo anterior. O Exército Vermelho foi o único vencedor da guerra, após a qual foi constituído o Estado soviético sob liderança dos bolcheviques.
As divisões da sociedade russa já eram evidentes em 1905, quando eclodiu uma revolução popular que atingiu o seu ponto crítico depois que o país foi derrotado na guerra contra o Japão. A revolução seguinte, em fevereiro de 1917 foi a que levou à abdicação do czar Nicolau II, mas dividiu o país uma vez que havia uma grande disparidade entre a classe dominante e a população pobre. Os bolcheviques, liderados por Lênin, receberam forte apoio popular e estavam unidos quando tomaram o poder em outubro, enquanto os opositores se dividiam em um amplo espectro de tendências.
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O principal instrumento armado na defesa da Revolução bolchevique foi o Exército Vermelho, que teve origem no operariado das fábricas e entre soldados e marinheiros que voltavam da Primeira Guerra Mundial. Esses militantes operários e soldados se organizaram em destacamentos conhecidos como Guardas Vermelhos e ajudaram os bolcheviques a conquistar o poder. As forças derrotadas reuniram-se em torno de militares depostos e constituíram o que se chamou de Exército Branco que contou com tropas e apoio logístico de forças de 13 países estrangeiros no sentido de promover à contrarrevolução.
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Exército Vermelho foi o único vencedor da guerra, após a qual foi constituído o Estado soviético sob liderança dos bolcheviques
Participação estrangeira
Aproveitando-se do caos em que o país se encontrava, as nações aliadas da Primeira Guerra Mundial resolveram intervir a favor dos brancos. Tropas inglesas, francesas, norte-americanas, japonesas e outras desembarcaram tanto nas regiões ocidentais – Criméia e Geórgia – como nas orientais – Vladivostok e Sibéria Oriental. O objetivo declarado era derrocar o governo bolchevique e instaurar um regime favorável à continuação da Rússia na guerra. Contudo o objetivo principal, não declarado, era evitar a “contaminação” da Europa pelos ideais socialistas. O primeiro-ministro da França à época, Georges Clemenceau, deixou claro essa hipótese ao enunciar que as potências ocidentais deveriam estabelecer um “cordão sanitário” em torno da Rússia.
Nos dias finais da guerra civil, o Exército Branco efetuou desembarques nos rios Kuban e Don, aproximando-se da bacia do Donetz e ameaçando os centros carboníferos do país. A situação do poder soviético se complicava porque o Exército Vermelho estava já bastante cansado. As tropas vermelhas foram obrigadas a avançar em condições extremamente difíceis, atacando as tropas de Wrangel e lutando, ao mesmo tempo, com os bandos dos anarquistas de Majno, que ajudavam o general branco.
Porém, apesar de Wrangel ter em seu favor a superioridade da técnica, apesar de carecerem as tropas soviéticas de tanques, o Exército Vermelho expulsou Wrangel para a península da Criméia. Em meados de novembro de 1920, o Exército Vermelho tomou as posições fortificadas de Perekop, irrompeu na Criméia, esmagou as tropas de Wrangel e libertou essa península das mãos dos guardas brancos e dos intervencionistas. A Criméia passou a formar parte do território soviético.
Não havia porém terminado completamente a intervenção estrangeira. A intervenção armada dos japoneses no Extremo Oriente continuou até 1922. Houve, além disso, várias tentativas destinadas a organizar novas intervenções, como a de Seminov e do barão Ungern, no Oriente, e a branco-finlandesa na Carélia, em 1921. Contudo, as forças fundamentais da intervenção haviam sido destruídas em fins de 1920.