Em 11 de outubro de 1939 vem a público uma carta, datada de 2 de agosto, em que o físico Albert Einstein escreve ao presidente dos Estados Unidos Franklin Roosevelt o exortando a equacionar a hipótese de produzir a bomba atômica e alertando que a Alemanha nazista já estaria fazendo estudos. A carta é vista como um dos impulsos do Projecto Manhattan, o bem sucedido plano nuclear, de onde viriam a sair as bombas que devastaram Hiroshima e Nagasaqui em 1945.
Reprodução da primeira carta escrita por Einstein a Roosevelt
Ainda na Alemanha, Einstein era uma celebridade mundial com sua teoria geral da relatividade publicada em 1905. Libertário, meio anarquista, próximo a grupos socialistas, também era definitivamente pacifista e duro crítico das guerras. Ao perceber o rumo que a Alemanha tomava, ele decidiu imigrar para os EUA, onde o Departamento de Estado já tinha recebido, em 1932, uma carta de um grupo de “mulheres patriotas”, recomendando não ser autorizada a entrada dele no país. “Nem o próprio Stalin”, dizia a carta, era filiado a tantas “organizações anarco-comunistas”.
Preocupado com o avanço das pesquisas sobre fissão nuclear outro renomado físico Leo Szilard, muito ligado a Einstein, alertou os britânicos para o risco de cientistas alemães fazerem a bomba. Sem ser ouvido, em 1938 aceitou convite para trabalhar na Universidade de Columbia, em Nova York, com Enrico Fermi. Como ele, Fermi e outros cientistas achavam que era preciso levar aquela preocupação a Roosevelt. Szilard conseguiu convencer Einstein a assinar a carta.
Resposta
Na resposta a Einstein, datada de 19 de outubro, Roosevelt disse considerar tão importantes aqueles dados que reuniria equipe integrada pelo diretor do Bureau of Standards e representantes do Exército e Marinha para uma discussão ampla.
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Mas há outra parte da história: em 1940 o Exército incluiu Einstein na lista de cientistas que trabalhariam no projeto e o nome dele acabaria praticamente vetado pelo FBI. O diretor, J. Edgar Hoover, relacionou as atividades esquerdistas dele e anexou uma síntese biográfica facciosa, sem data nem assinatura, talvez redigida por agentes direitistas do FBI que agiam na Alemanha. Entre outras coisas, dizia que em Berlim o apartamento de Einstein no início da década de 1930 era “um covil comunista” e sua casa de campo um “esconderijo de enviados de Moscou”.
Pouco depois, numa carta de julho de 1940, o Exército negou a autorização para ele trabalhar no projeto. Quando o cientista soube que o trabalho começara, ficou desapontado por ter sido excluído; mas aceitaria com entusiasmo, em 1943, convite da Marinha para ser consultor sobre “grandes explosivos”.
Capítulo fascinante dessa história foi o envolvimento posterior de Einstein – com cientistas que trabalhavam ou tinham trabalhado no projeto da bomba-A, até o próprio Leo Szilard – no esforço contra o uso da bomba. Einstein chegou a escrever outra carta, pouco antes da morte de Roosevelt, aparentemente não lida por ele. Àquela altura a pasta do cientista no FBI já era alentada. Ficaria ainda pior depois da prisão em 1950 do físico Klaus Fuchs, acusado de passar segredos atômicos aos russos.
Nesse ano o FBI ampliou a vigilância sobre Einstein depois da participação dele no primeiro programa de TV da ex-primeira dama Eleanor Roosevelt, para discutir os perigos da corrida armamentista. Hoover ordenou ampla investigação, até com a inclusão de boatos infamantes – como a história mentirosa de que em Berlim seu escritório nos anos 1930 passava mensagens em código para espiões russos.
Outros fatos marcantes da data:
11/10/1962 – Com o Concílio Vaticano II, papa João XXIII inicia a modernização da Igreja Católica
11/10/1899 – Começa na África do Sul a guerra dos Bôeres
11/10/1991 – A polícia política soviética, a KGB, é dissolvida pelos dirigentes russos reunidos no Conselho de Estado
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