Em 10 de abril de 1972, como parte de sua primeira visita aos Estados Unidos em 20 anos, o gênio e pioneiro do cinema Charles Chaplin aceitou receber o Oscar Honorário da Academia por sua “incalculável” contribuição para a arte da produção cinematográfica. Chaplin, que era o ator e diretor de maior sucesso nos EUA e no mundo, deixou o país em 1952 sob polêmica.
Nascido em Londres, em 1889, Chaplin era filho de artistas de teatro de variedades e surgiu no palco com tenra idade. Seu pai morreu quando Charlie (apelido de Charles) era ainda menino e mãe foi internada numa instituição para doentes mentais, o que fez da sua infância um tormento que só terminou quando se juntou, aos 17 anos, à trupe de teatro de revista de seu irmão. Mack Sennett, o inovador das comédias pastelão, descobriu Chaplin durante uma apresentação de sua companhia nos EUA. Em 1913, foi indicado para estrelar filmes produzidos pela Keystone Company, de Sennet.
No seu segundo filme, Kid Auto Races at Venice (1914), Chaplin começava a desenhar o personagem que o tornaria mundialmente famoso: Carlitos, o pequeno vagabundo. Este personagem trajava chapéu coco, bigodinho cuidadosamente aparado, calças bastante folgadas e uma bengala além de desenvolver um andar com os pés bem abertos e calçados por sapatos de tamanho exagerado. Era um heroi desamparado, adorado pelos cinéfilos. O personagem Carlitos acompanhou-o em mais de 70 filmes. Na era do cinema mudo, o pastelão reinava e Chaplin era mestre na pantomima. Tornou-se rapidamente uma das personalidades mais consagradas do país, passando a receber salários cada vez mais altos. Logo passou a dirigir seus próprios filmes e, com Mary Pickford, Douglas Fairbanks e D.W. Griffith, fundou a companhia United Artists, em 1919, para garantir um controle maior sobre seus projetos.
Chaplin dirigiu, estrelou, escreveu, produziu e compôs a trilha musical de suas comédias de longa-metragem como O Garoto (1921), Em Busca do Ouro (1925), Luzes da Cidade (1931), Tempos Modernos (1936) e O Grande Ditador (1940). Esses filmes abordavam questões políticas e sociais de seu tempo, as quais, vistas pelos olhos do pequeno vagabundo, Carlitos, pareciam mais contundentes. Após o advento do cinema sonoro, no final dos anos 1920, Chaplin rodou menor quantidade de filmes. No entanto, sua fama continuou a crescer universalmente visto que seus filmes ganhavam novas audiências e os críticos passaram a considerá-los como verdadeiros clássicos do cinema. Multidões enlouquecidas o recebiam nas estações de trem de Londres e Paris.
Fora das câmeras, a vida pessoal de Chaplin sempre provocou manchetes sensacionalistas. Casou-se quatro vezes. Três vezes com as próprias protagonistas de seus filmes, Paulette Goddard entre elas. Em 1943 foi acusado por outra mulher de ser o pai de sua criança. Nesse mesmo ano, em outro passo controvertido, casou-se com Oona O'Neill, então com 18 anos, filha do dramaturgo Eugene O'Neill. Chaplin tinha 54. Os pontos de vista politicos de Chaplin também eram fortemente criticados, bem como sua negativa de adquirir a nacionalidade norte-americana. Pressionado por sonegar imposto de renda e acusado de defender causas subversivas numa era em que predominava o macartismo, deixa os EUA em 1952. Informado de que seu regresso não seria necessariamente bem-vindo, retrucou: “Só voltarei quando Jesus Cristo for presidente”. Passou a viver com a sua família em Vevey, à beira do Lago Genebra e rodou alguns filmes mais.
Em abril de 1972, retornou aos EUA a convite da Academia Cinematográfica para receber o galardão do Oscar Honorário. Anteriormente já havia recebido um Oscar em 1929 pelo seu filme O Circo (1928). Morreu em 25 de dezembro de 1977, aos 88 anos.
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