Émerson Fittipaldi, 62 anos, não costuma deixar a data passar em branco. No dia 10 de setembro de 1972, ele conquistou o primeiro título brasileiro da Fórmula 1, em Monza, na Itália. E garantiu a história da categoria no Brasil.
A vitória de Émerson teve duas conseqüências mais importantes. Abriu o caminho para outros pilotos e assegurou a disputa do GP Brasil de F-1 a partir do ano seguinte, 1973, até hoje.
Na corrida de Monza, o piloto ainda usava longas e grossas costeletas. E a mulher, Maria Helena, não tirava seu chapéu de aba larga com uma tira fina imitando pele de onça. Esta imagem no pódio do mítico circuito italiano foi o grande destaque da primeira página dos jornais brasileiros do dia seguinte, 11 de abril (veja abaixo). Pelo microfone da Jovem Pan, o locutor Wilson Fittipaldi, o Barão, pai de Émerson, não segurava as lágrimas e gritava o nome do filho.
Embora Émerson já fosse o favorito antes de chegar a Monza, com quatro vitórias, o título antecipado surpreendeu. O piloto brasileiro da Lotus 72D, a John Player Special, tinha 52 pontos antes do GP da Itália contra 31 de Denny Hulme, com McLaren, e 27 de Jackie Stewart, com Tyrrell. As três equipes utilizavam o mesmo motor Cosworth V8. Dos três, Émerson é o que estava mais atrás no grid (sexto colocado). Stewart foi o terceiro na classificação e Hulme, o quinto. A pole foi do ferrarista Jacky Ickx.
Frio e calculista
Stewart não completou a primeira volta por problemas na embreagem. Jacky Ickx teve que deixar a prova depois de 46 voltas por causa dos freios. O outro piloto da Ferrari, Clay Regazzoni, bateu e também não concluiu o percurso. Nem José Carlos Pace, defendendo a March. Émerson ganhou posições, com seu estilo frio e calculista, e chegou à quinta vitória na temporada e à sexta na carreira, subindo ao pódio ao lado de Mike Hailwood (2º) e Denny Hulme (3º). Na linha de chegada, Colin Chapman, chefe da equipe, jogou seu boné para o alto. Com 61 pontos conquistados, Emerson já não poderia mais ser alcançado por ninguém.
Veja vídeo sobre a corrida e a comemoração:
A vitória também garantiu o título de construtores para a Lotus sobre a Tyrrell. Com 25 anos, Émerson tornou-se então o mais jovem campeão mundial, superando Jim Clark, campeão em 1963 com 27 anos. Ele só perdeu o posto 33 anos depois, quando Fernando Alonso ganhou o Mundial de 2005, com 24 anos. Hoje o mais jovem campeão de todos os tempos é Lewis Hamilton, que venceu em 2008 com 23 anos.
Um carro de bombeiros aguardava Émerson Fiittipaldi na chegada a São Paulo depois do título. A Fórmula 1 começava a incendiar a cidade.
Desde a primeira vitória dele, no GP dos EUA, em 1970, até o primeiro lugar de Rubinho em Valência, este ano, foram 100 vitórias brasileiras na Fórmula 1. Sem o título de Monza, certamente não seriam tantas.
Castilho de Andrade é diretor de imprensa do GP Brasil de F1.
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