Filho do presidente dos Estados Unidos, Hunter Biden, 53, foi denunciado nesta quinta-feira (14/09) à Justiça norte-americana por posse ilegal de armas.
O Departamento de Justiça o acusa de ter fornecido informações sabidamente falsas no ato de compra e licenciamento de uma arma de fogo em 2018 – um revólver Colt Cobra 38SPL –, ao omitir que era “usuário ilegal ou dependente de substância controlada”, informação que impossibilitaria a aquisição e posse do objeto.
Os crimes preveem penas que, somadas, podem chegar a 25 anos de prisão e 750 mil dólares em multa.
As acusações federais são fruto de uma investigação comandada por David Weiss, procurador no Estado natal de Joe Biden, Delaware, e nomeado pelo ex-presidente Donald Trump.
É a primeira vez na história dos EUA que o filho de um presidente em exercício encara um tribunal. O assunto deve alimentar a campanha pela Casa Branca em novembro do ano que vem, quando Biden e Trump – este alvo de quatro processos judiciais – devem se enfrentar nas urnas.
A denúncia também veio dois dias após republicanos no Congresso pedirem a abertura de um inquérito de impeachment contra o presidente Biden acusando-o de ter favorecido negócios do filho quando era vice-presidente.
Hunter Biden era alcoólatra e usuário de crack e cocaína
Em um livro publicado em 2021, Hunter Biden admitiu lutar contra problemas de abuso de substâncias, incluindo álcool, crack e cocaína. Ele, que já trabalhou como lobista, advogado, consultor e investidor para bancos, é há anos foco de ataques sistemáticos de Trump e de seus aliados republicanos, que apontam interferência indevida de Joe Biden em favor do próprio filho, por exemplo em negócios na Ucrânia e na China.
Biden filho representava uma empresa ucraniana de energia quando o pai dele era vice do então presidente Barack Obama. Joe Biden diz que não tratou de negócios no exterior com Hunter, e assegurou que o Departamento de Justiça tem independência para investigar parentes dele.
Hunter Biden havia firmado em junho um acordo com o Departamento de Justiça do país para se declarar culpado de acusações envolvendo sonegação de imposto de renda – ele quitou esse passivo posteriormente – e admitir formalmente que comprou ilegalmente uma arma de fogo. O acordo, porém, foi questionado por um juiz.
Há dúvidas se a denúncia pela compra e porte ilegal de armas vai prosperar na Justiça, já que condenações por esse tipo de crime são raras no país – recentemente, uma corte no Texas decidiu que a proibição de porte de armas a usuários de drogas viola a Segunda Emenda.