Igreja Católica do Chile apoia segredo de confissão apesar de abusos sexuais
Apoio da Conferência Episcopal do Chile (CECH) para manter em sigilo este sacramento foi manifestado ao fim da 118ª Assembleia Plenária
A Igreja Católica do Chile reafirmou nesta sexta-feira (03/05) sua rejeição às leis federais para eliminar a inviolabilidade do segredo de confissão, mesmo que isso represente manter escondidos novos casos de abusos sexuais de religiosos.
O apoio da Conferência Episcopal do Chile (CECH) para manter em sigilo este sacramento foi manifestado ao fim da 118ª Assembleia Plenária, e uma semana depois que a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei para obrigar religiosos de uma forma geral a denunciarem à Justiça os casos de abuso contra menores sobre os quais eles tomarem conhecimento, incluindo os revelados no ato de confissão. A medida, que agora será discutida no Senado, tenta modificar o Código Processual Penal e contempla também o endurecimento das penas em caso de omissão.
“O sigilo sacramental é inviolável, e inviolável é a consciência dos que procuram confessar seus pecados para, arrependidos, poderem repará-los auxiliados pela graça de Deus”, diz a declaração feita pela CECH ao término da Assembleia, que aconteceu durante toda a semana na cidade de Punta de Tralca, na região de Valparaíso.
A Igreja chilena rejeitou também a possibilidade de que o país legisle o direito à eutanásia e à morte assistida, depois que a Comissão de Saúde da Câmara de Deputados aprovou um projeto de lei para regular os casos na semana passada.
“Para a Igreja, tanto a eutanásia quanto a insistência terapêutica não respeitam a dignidade da pessoa. Todos temos a experiência de que a vida é um dom. Por isso, ninguém é responsável por negá-la ou tirá-la”, afirmou a CECH.
Sobre os abusos dentro da Igreja, a CECH disse que renova o compromisso em continuar ouvindo e acolhendo vítimas e sobreviventes para “aprender com eles e suas vivências”.
A CECH informou ainda que o processo iniciado no ano passado para entender a crise da instituição no Chile e promover uma renovação continua. A Promotoria Nacional informou nesta semana que há 166 casos abertos por abusos sexuais na Igreja Católica no país, com 131 pessoas investigadas e 221 vítimas envolvidas, das quais 131 eram menores de idade na época dos acontecimentos.
A Conferência Episcopal do Chile publicou em agosto do ano passado uma lista com os nomes de 42 padres e um diácono condenados pela Justiça civil ou a canônica por abusos sexuais contra menores
Agência Efe.
Exterior da casa de retiro onde os bispos e administradores apostólicos do Chile se reunirão esta semana para assembléia.
