Atualizada às 11h55
A Aliança Nacional, principal coalizão xiita no parlamento iraquiano, anunciou nesta segunda-feira (11/08) a nomeação de Haider al Abadi como candidato a primeiro-ministro no lugar do chefe do Executivo interino, Nouri al-Maliki.
O vice-secretário-geral do parlamento iraquiano, Badaa al Jabouri, explicou que a aliança enviou um documento para a Câmara no qual oficializa a candidatura de Abadi, vice-presidente do parlamento iraquiano. Horas antes, por meio Twitter, Abadi tinha afirmado que a Aliança Nacional estava “muito perto de definir um candidato”.
Até o momento não se sabe se a decisão conta com o sinal verde de Maliki, cujo bloco, Estado de Direito -que conta com 95 cadeiras- é o mesmo de Abadi.
O vice-presidente do parlamento iraquiano viveu em Londres como opositor do regime de Saddam Hussein no exílio, até a queda do ditador em 2003, quando voltou ao seu país. De 2003 a 2004, foi ministro de Telecomunicações da autoridade provisória da ocupação americana, e um ano depois foi designado conselheiro do primeiro-ministro no primeiro governo eleito nas urnas. No parlamento, desde 2006 é presidente das comissões de Economia e de Finanças.
Ainda nesta segunda-feira, o Tribunal Federal do Iraque decidiu considerar o partido Estado de Direito como o maior bloco do parlamento do país, o que abre o caminho para um terceiro mandato do grupo.
O canal de televisão estatal Al Iraqiya anunciou a sentença mas não deu nenhum detalhe a mais sobre a medida. Ontem à noite, em um duro discurso, Maliki anunciou sua intenção de abrir uma representação contra o recém-eleito presidente do país, o curdo Fouad Massoum, por suposta violação da Constituição.
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O primeiro-ministro interino do Iraque tenta manter-se no poder do país
Maliki acusou Massoum de ter esgotado com pleno conhecimento o prazo constitucional para pedir ao líder do maior bloco parlamentar a formação de um Executivo. O primeiro-ministro interino insiste que deve formar governo, apesar da opinião contrária de vários membros da Aliança Nacional, coalizão ao qual pertence e que engloba as principais legendas xiitas.
Entre os líderes xiitas da coalizão que rejeitam a ideia de Maliki formar um novo governo está o clérigo Moqtada al-Sadr, que exigiu em 6 de julho que o Estado de Direito apresentasse um candidato alternativo.
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O bloco Al Muaten (Cidadão), liderado pelo clérigo xiita Amar al-Hakim, e grande parte dos partidos sunitas e curdos também se opõem a um terceiro mandato, assim como os Estados Unidos, que expressou seu “pleno apoio” a Massoum “em seu papel de fiador da Constituição iraquiana”.
Nesta segunda, o secretário de Estado americano, John Kerry, disse que a formação de um governo no Iraque é “vital” para se conseguir estabilizar a situação e advertiu Maliki a não se opor à ideia.
Fiador da Constituição
Os Estados Unidos expressaram no domingo seu apoio ao recém-eleito presidente do Iraque, o curdo Fouad Massoum, depois que o primeiro-ministro interino, Nouri al Maliki, anunciou sua intenção de querelar contra ele e de formar governo, apesar dos apelos de diversos setores para que abra passagem a outros candidatos de consenso.
“Os Estados Unidos apoiam plenamente o presidente Fouad Massoum em seu papel de fiador da Constituição iraquiana”, afirmou em comunicado a porta-voz adjunta do Departamento de Estado, Marie Harf. “Reafirmamos nosso apoio a um processo de seleção de um primeiro-ministro que possa representar as aspirações do povo iraquiano mediante a construção de um consenso nacional”, acrescentou.
Além disso, a porta-voz disse que o governo americano “rejeita qualquer esforço para conseguir resultados através da coação ou da manipulação do processo constitucional ou judicial”, em uma clara alusão às tentativas de reeleição de Maliki.
O parlamento iraquiano adiou neste domingo uma nova sessão na qual devia escolher o novo primeiro-ministro, por causa das diferenças irreconciliáveis entre os diferentes grupos. Neste sentido, e como já veio insistindo nos últimos meses, os EUA reiteraram que “apoiam um governo novo e inclusivo” no país, em particular na luta contra o grupo terrorista do Estado Islâmico (EI).
(*) Com informações da Agência Efe