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Um artigo publicado na revista britânica The Economist nesta sexta-feira (27/05) afirma que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff é um “jeitinho” na Constituição.
“O impeachment de Dilma Rousseff, uma presidente impopular que não foi pessoalmente acusada de infrações sérias, é um 'jeitinho' na Constituição”, diz a publicação.
Beto Barata/Agência Senado
Segundo artigo da revista The Economist, processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff é um “jeitinho” na Constituição
Segundo o texto, que utiliza o termo “jeitinho” em português, “muitos dos políticos que votaram pelo impeachment recorrem a esses 'jeitinhos' de forma incansável, por exemplo com as leis sobre financiamento de campanha”.
O artigo explica que há palavras que existem apenas na língua portuguesa, como “saudade”, “cafuné” e “jeitinho” – esta última definida como “uma forma de contornar algo, normalmente uma lei ou regra”.
The Economist traz a análise da antropóloga Livia Barbosa, que diz que “'jeitinho', que tem conotação de ingenuidade e também de ilegalidade, é uma marca de identidade nacional”.
Um dos exemplos do “jeitinho” apontados pela revista são os restaurantes que oferecem refeições a policiais para que, em troca, façam o patrulhamento de ruas, economizando assim dinheiro que seria pago a seguranças privados.
Outros casos são a utilização de “laranjas” para pagar menos impostos, pessoas que usam crianças ou idosos para furar filas e professores universitários que aceitam relatórios fictícios de estágio.
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O texto afirma também que, de acordo com especialistas, os católicos seriam mais suscetíveis ao uso do “jeitinho” por considerarem a confissão como alternativa para obedecerem às leis. Já outros estudiosos dizem que sociedades mestiças, como a brasileira, seriam mais flexíveis tanto sobre leis quanto sobre etnicidade.
Segundo a publicação, “talvez a desigualdade tenha seu papel: se os ricos e poderosos desrespeitam a lei, por que as pessoas comuns não fariam isso?”.
O artigo aponta que pode estar ficando mais difícil usar o “jeitinho”, não apenas pela existência de operações como a Lava Jato, mas também porque há mais tecnologia, como câmeras, radares e sites como o E-Poupatempo (sistema online do governo de São Paulo) que agiliza a apresentação de relatórios de polícia.
The Economist cita o antropólogo Roberto DaMatta, que acredita que o país pode estar caminhando em direção a um sistema anglo-saxão, em que as leis “ou são obedecidas ou não existem”.
“Se isso acontecer, a satisfação que muitos brasileiros vão sentir pode ser tingida com cores de saudades”, conclui o artigo.