Clique para acessar todas as matérias e artigos de Opera Mundi e Samuel sobre impeachment
A imprensa alemã publicou, nesta quinta-feira (12/05), uma série de artigos e análises em que afirma que a admissibilidade do processo de impeachment que afastou a presidente brasileira, Dilma Rousseff, é uma “derrota” e “uma declaração de falência” do Brasil.
Em análise do site Spiegel Online, “o drama em torno da presidente é um vexame para um país afundado na crise”. De acordo com Jens Glüsing, autor do texto, “o grande e orgulhoso Brasil terá que se resignar a, no futuro, ser citado por historiadores ao lado de Honduras e Paraguai (…) onde presidentes eleitos foram afastados de forma questionável do cargo”.
Glüsing aponta que Dilma não está sendo acusada de nenhum crime, o pretexto para seu impeachment é a maquiagem orçamentária. “Mas aí todos seus antecessores e também muitos governadores teriam que ser expulsos do cargo”, argumenta. Para ele, “o espetáculo indigno” apresentado pelos políticos brasileiros, desde que o processo teve início, “prejudicou de forma duradoura as instituições e a imagem do Brasil”.
NULL
NULL
Em posicionamento semelhante, o semanário Die Zeit afirma que o afastamento de Dilma é “a declaração de falência do Brasil”. Em análise, o jornalista Michael Stürzenhofecker pondera que o processo que culminou no afastamento da mandatária brasileira é um “recuo nos velhos tempos”.
“O processo contra Rousseff não é jurídico, mas político. O que mais move as pessoas, porém, é a casta política corrupta. O paradoxal nisso é que Rousseff precisa sair porque atacou o problema [da corrupção]. Os investigadores da [Operação] Lava Jato acusaram muitos de seus partidários. Também ela foi investigada, mas nada foi provado”, colocou ele em seu artigo.
“[O impeachment] é uma derrota para o Brasil, e a recém-adquirida confiança nas instituições e na democracia está abalada. Com o impeachment, o país está a caminho de se tornar a maior república de bananas do mundo”, concluiu o jornalista alemão.
O jornal diário Süddeutsche Zeitung, por sua vez, apresenta uma relação de todos os envolvidos no processo de impedimento da chefe de Estado brasileira, colocando o vice-presidente e agora presidente interino Michel Temer como o “grande vencedor” da situação.
O autor do texto, Benedikt Peters, afirma também que muitos juristas consideram as acusações contra Dilma “tênues”. “Muitos mandatários antes de Rousseff agiram de forma semelhante e não foram afastados do cargo. A queda da presidente é muito mais o resultado de intrigas políticas, costuradas pelos adversários de Rousseff”, defende.
E o jornal de circulação nacional Frankfurter Allgemeine Zeitung analisa o processo como “uma marcante guinada à direita” e acredita que “o sucessor Michel Temer precisará carregar um peso enorme no chão de uma legitimidade frágil”.
O jornalista Matthias Rüb não isenta o PT (Partido dos Trabalhadores ao que pertence Dilma) da situação política instável no Brasil, afirmando que o partido deve assumir responsabilidade pelo “atual desastre” econômico.
Para ele, o país latinoamericano precisa “urgentemente” de estabilidade política para resolver sua crise econômica, mas, para tanto, será necessária disposição por parte do presidente interino, Michel Temer.