Segunda-feira, 16 de junho de 2025
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A imprensa europeia analisa nesta segunda-feira (24/07) a resistência dos socialistas na Espanha e as incertezas criadas pelos resultados das legislativas antecipadas realizadas neste domingo (23/07) no país.

Desafiando todas as previsões, os socialistas perderam por pouco para a direita. Com 100% dos votos apurados, o Partido Popular (PP, direita) de Alberto Núñez Feijóo, elegeu 136 deputados, enquanto o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE, esquerda) obteve 122. 

Seus aliados potenciais, o partido de extrema direita Vox e o de esquerda radical Sumar, obtiveram respectivamente 33 e 31 cadeiras. Para obter a maioria absoluta no Legislativo, eram necessários 176 deputados, o que nem o PP nem o PSOE conseguiram somando os aliados.

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O conservador Feijóo reivindicou a Presidência do governo, mas o primeiro-ministro socialista, Pedro Sánchez, tem chances de continuar no poder, caso consiga costurar uma ampla aliança com deputados verdes, comunistas e independentistas. 

Na França, o diário conservador Le Figaro diz que o partido que pode fazer a diferença para essa aliança é o do ex-presidente pró-independência da Catalunha, Carles Puigdemont, que foi morar na Bélgica para evitar processos nos tribunais espanhóis.

O Junts obteve sete deputados, mas o partido se opõe sistematicamente a todas as instituições espanholas, inclusive ao governo, até mesmo ao de Sánchez, que perdoou seus companheiros políticos e reformou o código penal em favor deles. A líder da lista para as eleições disse: “Não vamos empossar Pedro Sánchez sem algo em troca”. “O que é sempre melhor do que um 'não' categórico”, escreve o Le Figaro.

Um especialista em política espanhola avalia para o progressista Libération que a direita não obteve a maioria absoluta no Parlamento, mesmo se unindo ao partido de extrema direita Vox, “porque não tinha nada de concreto para oferecer em oposição ao governo”. 

Desafiando todas previsões, esquerda perdeu por pouco para direita: Partido Popular elegeu 136 deputados, enquanto o Partido Socialista Operário Espanhol obteve 122

Reprodução/ @PSOE

Partido de Pedro Sánchez conseguiu 122 cadeiras no Parlamento

No Reino Unido, a manchete do Financial Times alerta que a Espanha “mergulhou na incerteza política após o impasse eleitoral”.

Extrema direita convence no discurso, mas não na ação

Diante da derrocada da extrema direita, que perdeu 19 cadeiras no Parlamento, o jornal alemão Die Zeit intitula: “Discursos radicais são recompensados, mas ações radicais não são”. Segundo o Die Zeit, o fracasso do Vox demonstra esta realidade, embora a Europa esteja se movendo para a direita.

Em Portugal, o jornal Público diz que “Sánchez dribla as sondagens e Feijóo ganha sem capacidade para formar maioria absoluta”. “Os resultados dão a ideia de que pode haver um bloqueio na formação de um novo governo”, destaca o veículo.

O italiano Corriere della Sera constata que “a grande guinada política não está mais próxima na Espanha”. O diário de Milão nota o bom resultado da Sumar, a recém-formada coligação de esquerda liderada pela vice-premiê Yolanda Diaz, à qual o Podemos se juntou, obtendo o quarto lugar com 31 assentos no Parlamento.

“O Vox se confirma como o terceiro partido na Espanha, mas provavelmente deixa de sonhar em se tornar um partido de governo em nível nacional, como conseguiu fazer em muitos municípios e regiões de Extremadura e Valência nas eleições regionais”, conclui o Corriere della Sera.