A imprensa francesa analisa nesta quinta-feira (10/11) os resultados parciais das eleições de meio de mandato nos Estados Unidos. A conclusão é praticamente a mesma em todos os jornais: os candidatos republicanos que receberam apoio de Donald Trump tiveram em média um desempenho mais fraco nas urnas do que aqueles que não contaram com o ex-presidente no palanque, resume o diário Les Echos.
No editorial “Trump: o desgaste de uma marca”, Les Echos assinala que a reeleição do governador Ron DeSantis na Flórida “confirma a ascensão deste rival de peso dentro do Partido Republicano para uma indicação à Casa Branca na eleição presidencial de 2024”.
Segundo Le Monde, os ataques ao aborto e os excessos do “trumpismo” alimentaram o bom desempenho dos democratas. Embora a composição final do Congresso continue incerta, “a excelente resistência do partido de Joe Biden não é tanto a expressão de um apoio ao atual presidente, mas sim a demonstração de uma dupla preocupação dos americanos”, aponta Le Monde.
A primeira delas diz respeito ao “posicionamento reacionário da Suprema Corte, de maioria conservadora, que contestou direitos individuais adquiridos desde os anos de 1960, a começar pelo aborto”, escreve o Le Monde. “Pesquisas publicadas logo após a votação de terça-feira (08/11) mostram que a questão do aborto foi de longe a principal motivação de voto nos democratas”, destaca o jornal.
Gage Skidmore
Le Monde: ataques ao aborto e os excessos do ‘trumpismo’ alimentaram o bom desempenho dos democratas
“Além disso, a segunda preocupação dos eleitores, que agrega uma maioria heterogênea no país, é a violência que carrega o slogan de Donald Trump – Make America Great Again (Torne a América Grande Novamente) –, seja pela intolerância que manifesta, seja pelas mentiras que vende”, opina Le Monde.
Reeleição em 2024?
O conservador Le Figaro diz que a resistência dos democratas faz o presidente americano, Joe Biden, sonhar com uma reeleição em 2024, apesar da idade avançada do presidente.
Le Parisien completa: “Parece que o vento virou para o bilionário nova-iorquino”, escreve o diário, referindo-se a Trump. Na avaliação desse diário, apesar da polarização continuar presente nos Estados Unidos, os eleitores disseram não a uma política que pudesse agravar ainda mais as divisões.