Atualizada às 12h08
Dois integrantes da Guarda Nacional Bolivariana cruzaram a ponte internacional Simón Bolívar com uma caminhonete e atropelaram uma policial e uma jornalista chilena na manhã deste sábado (23/02). Representantes do governo classificaram o ato como “traição” e disseram que a intenção era criar um caso de “falso positivo”.
A ponte fica na fronteira entre Venezuela e Colômbia e está fechada por determinação de Caracas. A ação aconteceu às 7h30, hora local (8h30 em Brasília).
Segundo as autoridades venezuelanas, o ato foi liderado pelo deputado opositor José Manuel Olivares a fim de culpar o governo de Nicolás Maduro pela violência. As duas mulheres foram levadas ao hospital, e o quadro de saúde delas é estável.
De acordo com a correspondente do Brasil de Fato Fania Rodrigues, que está no local, minutos antes do ocorrido, soaram campanhas do lado colombiano, como uma espécie de sinal sonoro para começar a operação do lado venezuelano.
Quando os militares traidores entraram com o veículo na ponte, os outros membros das Forças Armadas que estavam no local desviaram. A caminhonete tenou atropelar o general José Leonardo Noroño, chefe da zona de defesa do Estado de Táchira, sem sucesso. Eles conseguiram passar para o lado colombiano.
'Traidores da pátria'
Para Freddy Bernal, representante do governo de Nicolás Maduro na região, estes militares são “traidores da pátria”.
“O que eles queriam demonstrar? Que dois tanques venezuelanos haviam atacado as forças policiais colombianas. Esse foi o 'falso positivo’ que lhe pediu [o presidente norte-americano] Donald Trump. Esse foi o falso positivo que Trump pagou ao traidor [Juan] Guaidó [deputado opositor autoproclamado presidente da Venezuela]. Graças à valentia da Guarda Nacional esse falso positivo fracassou”, disse Bernal.
“Eles violaram a ordem de Maduro para prevenir agressões. Lamentavelmente, os dois traidores, dirigindo veículos da Guarda Nacional Venezuelana, cruzaram a ponte. Queremos denunciar ao mundo: Guaidó está sedento de sangue, por ordem de Donald Trump [presidente dos Estados Unidos]”, afirmou.
Segundo a correspondente do Brasil de Fato, Maduro ligou para Bernal a fim de verificar a situação na região. Não houve registros de outros incidentes na ponte até o momento.
O governo da Venezuela confirmou na última sexta (22/02) o fechamento temporário da fronteira com a Colômbia, após ameaças de intervenção militar e uma entrada forçada de “ajuda humanitária” – que, para os aliados do presidente Nicolás Maduro, são um “cavalo de Troia” para desestabilização do governo.
Reação
Momentos depois do ataque, cerca de 1.500 civis venezuelanos ocuparam a ponte Simón Bolívar para impedir novas agressões. Do lado oposto, opositores de Maduro fizeram o mesmo, em menor número, para tentar permitir a entrada da suposta “ajuda humanitária”:
Nos outros dois pontos da fronteira, a situação é de normalidade, segundo o governo venezuelano. No entanto, no centro de Ureña, povoado vizinho à ponte Tienditas, foram registrados distúrbios, segundo informações dos corpos de segurança do Estado venezuelano.
(*) Com Brasil de Fato
Fania Rodrigues
Blindados tentaram atropelar militares venezuelanos em ponte da fronteira com Colômbia