Melhores salários, melhores condições de trabalho, melhorar as pensões e as aposentadorias, mais oportunidades para trabalhadores jovens, e também fim das discriminações de gênero, combate aos preconceitos sexuais, combater o aquecimento global: esta pauta ampliada vai dominar as comemorações do Dia do Trabalhador ou do Trabalho nesta segunda-feira (01/05), em um grande número de cidades europeias
Depois de anos de relativa letargia ou congelamento os movimentos de trabalhadores estão renascendo das próprias cinzas. Diante de uma inflação galopante turbinada pelas consequências da guerra na Ucrânia, os movimentos sindicais tradicionais e alternativos vem crescendo em toda a Europa. A sindicalização, antes em recesso, está aumentando em muitas cidades.
Ao lado das centrais sindicais de longa tradição surgem cada vez mais movimentos alternativos buscando congregar os novos imigrantes que chegam ao continente de todos os lados, fugindo de guerras ou da piora nas condições de trabalho e sobrevivência em muitos países.
Além dos ucranianos, continuam a chegar levas e mais levas de fugitivos da África e do Oriente Médio. Os naufrágios trágicos no Mediterrâneo continuam, sem trégua.
Twitter/CGIL Nazionale
Central Sindical italiana, CGIL, organiza campanha unificada pela valorização do trabalho
“Solidários para sempre”
Em Berlim a DGB, a central sindical alemã, lançou a palavra de ordem “Ungebrochen Solidarisch”, “Solidários para Sempre”, ou “sem Limites”, numa tradução livre. A passeata da DGB termina por volta do meio-dia, como tradicionalmente, junto ao Portão de Brandemburgo, numa grande festa, com muita música e cerveja.
À tarde há manifestações alternativas em bairros populares como Kreuzberg e Neuköln. E no final do dia, grupos radicais, em geral de inspiração anarquista, realizam nova passeata a partir destes bairros, que costuma terminar em violência, com quebra-quebra e repressão por parte da polícia.
O quebra-quebra, aliás, já começou nesse domingo (30/) quando se comemora a chamada “Noite de Walpurgis”, ou “Noite das Bruxas”, com vitrines quebradas e os carros incendiados.
Atos em outros países europeus
Na França as manifestações têm por tema dominante os protestos contra a reforma da Previdência, aumentando a idade mínima das aposentadorias para 64 anos, e pelo aumento do custo de vida, sobretudo de alimentos, energia e combustíveis.
Na Itália as três grandes centrais sindicais, CGIL, CISL e UIL, lançam no primeiro de maio uma campanha unificada pela valorização do trabalho, que deve se estender ao longo do ano.
Na Espanha e em Portugal, os trabalhadores vão às ruas por melhores salários, mas também pedindo mais solidariedade com os refugiados, jovens.
Em Londres ocorre uma grande manifestação que converge para a Praça de Trafalgar, no centro da cidade, reivindicando, além de reajustes ou aumentos de salário, melhores condições de trabalho, melhores serviços para a população e a preservação de empregos.
A guerra entre Moscou e Kiev não parece poder acabar em breve, comprometendo nos países europeus as importações de grãos, em geral provenientes da Ucrânia, e de fertilizantes e gás, que costumavam vir sobretudo da Rússia. Isto significa que a inflação, puxada pelos preços de produtos agrícolas e da energia, vai continuar em alta, alimentando a carestia e os protestos.