Domingo, 18 de maio de 2025
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O Irã criticou nesta terça-feira (04/09) a “hipocrisia” do presidente norte-americano, Joe Biden, que prometeu novas sanções contra Teerã em razão da resposta das autoridades aos protestos pela morte da jovem Mahsa Amini.

O Irã tem sido palco de manifestações desde que a iraniana de 22 anos morreu, em 16 de setembro, após ter sido presa pela polícia da moral de Teerã, que a acusou de violar o rígido código de vestimenta da República Islâmica para as mulheres. O caso provocou uma onda de protestos no Irã e manifestações de solidariedade às mulheres iranianas em todo o mundo.

Dezenas de pessoas, principalmente manifestantes, mas também membros das forças de segurança, foram mortos durante os protestos. Os atos são descritos como “motins” pelas autoridades iranianas, e centenas de pessoas foram presas.

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“Joe Biden deveria ter pensado um pouco sobre o histórico de direitos humanos de seu país antes de falar sobre a situação humanitária [no Irã], mesmo que a hipocrisia não exija uma reflexão profunda”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Nasser Kanani, no Instagram. “O presidente norte-americano deveria se preocupar com as [consequências] das inúmeras sanções (…) contra a nação iraniana, que claramente representam um exemplo de crime contra a humanidade”, acrescentou.

EUA elogiam bravura do povo iraniano

Na segunda-feira (03/09), Joe Biden anunciou que os Estados Unidos imporiam novas sanções “nesta semana” aos “autores de violência contra manifestantes pacíficos” no Irã. “Os Estados Unidos estão com as mulheres iranianas e todos os cidadãos iranianos que inspiram o mundo com sua bravura”, acrescentou o presidente norte-americano.

Joe Biden ainda não deu indicação das medidas previstas contra Teerã, já alvo de pesadas sanções econômicas norte-americanas, em grande parte ligadas ao programa nuclear

Wikicommons

Irã tem sido palco de manifestações desde que Mahsa Amini morreu em 16 de setembro, após ter sido presa pela polícia de Teerã

No mesmo dia, o líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, acusou os Estados Unidos e Israel de fomentarem os movimentos de protesto. “Digo claramente que esses tumultos e a insegurança são obra dos Estados Unidos, do regime sionista usurpador [Israel] de seus mercenários e de certos iranianos traidores que os ajudaram no exterior”, disse.

Biden ainda não deu nenhuma indicação das medidas previstas contra o Irã, já alvo de pesadas sanções econômicas norte-americanas, em grande parte ligadas ao seu controverso programa nuclear.

De acordo com a ONG de direitos humanos Iran Human Rights (IHR), com sede em Oslo, pelo menos 92 pessoas foram mortas no Irã, desde o início dos protestos. As autoridades iranianas, no entanto, estimam o número de mortos em cerca de 60, incluindo 12 membros das forças de segurança. Mais de mil pessoas foram presas.

Diversas organizações de direitos humanos denunciam a repressão violenta em particular contra estudantes, em incidentes ocorridos na noite de domingo (02/09) para segunda-feira, na Universidade de Tecnologia de Sharif, em Teerã, a mais prestigiada do país. Dois vídeos divulgados pelo IHR mostram a polícia iraniana em motocicletas perseguindo estudantes em um estacionamento subterrâneo e prendendo pessoas cujas cabeças estão cobertas por sacos de tecido preto.