A AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) e o Irã não chegaram a um acordo sobre o programa nuclear persa no oitavo encontro entre as partes, mas uma nova rodada de negociações deve acontecer.
“Debatemos sobre uma aproximação estruturada, mas não foi possível concluir o documento que permitiria examinar a possível dimensão militar do programa nuclear iraniano”, declarou nesta quinta-feira (14/02) o chefe dos inspetores e vice-diretor-geral da AIEA, Herman Nackaerts, em seu retorno da viagem à Teerã.
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Durante as negociações, ocorridas nesta quarta-feira (13/02) a agência se comprometeu a continuar conversando, mas precisa de mais tempo para refletir sobre o caminho a seguir. “Ainda não entramos em acordo sobre uma data para a próxima reunião”, mas “nosso compromisso para seguir dialogando é inquebrantável, trabalharemos intensamente para solucionar as divergências que ainda existem”, acrescentou o inspetor no aeroporto de Viena.
O objetivo da AIEA é assinar um acordo global que permita aos especialistas da ONU investigar livremente o programa nuclear iraniano, diante da suspeita de que ele tem fins militares, o que Teerã nega.
Agência Efe
O Irã comemorou no dia 10/02 o aniversário de 34 anos da Revolução que transformou o país em uma república xiita
Na quarta-feira, o representante iraniano na agência e chefe do time iraniano, Ali Ashgar Soltanieh, havia afirmado que foram registrados avanços nas negociações. “Divergências menores em modalidade foram solucionadas e foi definido que ambos os lados devem estudar novas propostas”, disse.
Também na quarta, o diretor da OIEA (Organização Iraniana de Energia Nuclear), Fereydoun Abbasi Davani, confirmou o início da instalação de centrífugas de última geração nos complexos de enriquecimento de urânio de Natanz, no centro do país. Os novos equipamentos “destinam-se ao enriquecimento a 5%”, nível utilizado para a produção de energia elétrica, e “não têm nenhum uso para o enriquecimento a 20%”.
Urânio a 20% é suficiente para gerar isótopos médicos, utilizados para diagnosticar certos tipos de câncer, por exemplo. Para gerar armas nucleares, é preciso enriquecê-lo a 90%, porém, Teerã sempre afirmou que nunca teve objetivos bélicos com seu programa nuclear. Especialistas afirmam também que o país sequer tem essa capacidade.
“Estamos prontos para chegar a uma negociação com a AIEA, cuja base deve ser o reconhecimento de nosso direito ao uso da tecnologia nuclear, de acordo com TNP (Tratado de Não-Proliferação Nuclear)” disse Ramin Mehman-Parast, porta-voz do Ministério Exterior iraniano, durante coletiva de imprensa semanal em Teerã.
Em discurso, na província de Bushehr, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse que os que “poderiam forçar os iranianos a ceder às suas exigências não viverão o suficiente para ver seu desejo concretizado”. Segundo Ahmadinejad, o desafio dos iranianos é enfrentar a pressão exercida por “grandes potências”.
5 + 1
No dia 26 de fevereiro serão retomadas as negociações do grupo 5 +1 em Almaty, no Cazaquistão, sobre o programa nuclear iraniano, depois de meses de interrupção e do fracasso de encontros em Istambul, Bagdá e Moscou. Além do Irã, o grupo é formado por EUA, França, Reino Unido, Rússia e China (membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU) mais a Alemanha.
A chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, expressou na quarta-feira perante a ONU sua esperança de que Teerã mostre flexibilidade nessas negociações. As grandes potências suspeitam que a República islâmica esteja desenvolvendo armas atômicas sob a alegação de um programa energético e médico.
A ONU impôs ao Irã quatro séries de sanções, que foram somadas no final de 2011 a medidas americanas e europeias que visam as exportações de petróleo, o que levou a uma grave crise econômica. Em 2012, estas sanções provocaram uma queda de US$ 40 bilhões em receitas de exportação de petróleo do Irã, segundo a AIEA.
Já o Irã exige uma flexibilização das sanções antes de qualquer redução de suas atividades de enriquecimento, um pedido rejeitado pelo grupo 5+1.
* Com informações de AFP, Fars, Irna e Agência Brasil