O Irã pode cancelar o acordo nuclear firmado com Brasil e Turquia caso o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) aprove uma quarta rodada de sanções contra o país, afirmou nesta quinta-feira (20/5) o vice-presidente do Parlamento iraniano, Mohammad Reza Bahonar.
“Se emitir uma nova resolução contra o Irã, nós não vamos nos comprometer com o acordo de Teerã e o envio de combustível para fora do país será cancelado”, disse o parlamentar, segundo a Reuters, citando a agência iraniana de notícias Mehr.
“As potências junto ao Conselho de Segurança da ONU chegaram a um consenso sobre o Irã e é bem possível que no futuro próximo seja colocado em operação uma quarta rodada de resoluções contra o Irã”, afirmou Bahonar.
Leia também:
Opinião: Acordo Brasil-Irã resolve o impasse nuclear?
Acordo Brasil-Irã-Turquia é positivo e descrença “não tem sentido”, diz consultor da AIEA
Brasil confirma assinatura de acordo nuclear com Irã e Turquia
Irã não pode voltar atrás em acordo com Brasil e Turquia, diz crítico de Ahmadinejad
China diz que novas sanções não fecham as portas para diplomacia com Irã
Na segunda-feira (17/5), foi firmado um acordo determinando que o Irã enviará à Turquia 1,2 toneladas de urânio enriquecido a 3,5%, em troca de 1,2 toneladas de urânio enriquecido a 20%. A primeira leva está programada para chegar na Turquia dentro de um mês. Apesar de o governo iraniano alegar fins pacíficos e ter se comprometido a informar sobre o processo à AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), os países ocidentais, principalmente os Estados Unidos, insistem em novas sanções.
Desde dezembro de 2006, o órgão da ONU já aplicou três rodadas de sanções contra o Irã. A nova resolução, elaborada desde abril desse ano, baseia-se em sanções já existentes e em novas categorias de penalizações. O documento prevê um endurecimento das restrições bancárias contra o Irã, a expansão de um embargo da venda de armas ao país e a proibição de investimentos iranianos em atividades nucleares no exterior. A aprovação das medidas depende do voto favorável de todos os que ocupam assento permanente no conselho – EUA, Rússia, China, França e Inglaterra.
Diplomacia
Na próxima semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva receberá o primeiro-ministro da Turquia, Tyyiq Erdogan, em Brasília. Ambos querem impedir as sanções contra os iranianos e buscar o apoio da comunidade internacional.
Ontem, Lula disse que o compromisso com o governo iraniano é “exatamente o que os EUA queriam cinco ou seis meses atrás” e que o Conselho de Segurança precisa de “disposição para negociar”. Segundo ele, romper o contrato levará a questão nuclear iraniana “à estaca zero”.
Recep Tayyip Erdogan, por sua vez, entrou em contato com o colega russo, Vladimir Putin, e com o presidente dos EUA, Barack Obama, para defender o acordo de troca de urânio com o Irã e convencê-los a desistir da nova rodada de sanções.
Em outubro passado, a AIEA fez a mesma proposta, de envio de urânio do Irã para o exterior, mas o enriquecimento seria feito na França ou na Rússia. Teerã não concordou com a oferta por não confiar na mediação desses dois países.
Siga o Opera Mundi no Twitter
NULL
NULL
NULL