O Irã rejeitou neste sábado (23/12) as acusações dos Estados Unidos sobre seu envolvimento nos ataques recentes cometidos pelo grupo Houthis do Iêmen contra navios comerciais no Mar Vermelho. Ao mesmo tempo, a ONU anunciou que o movimento e o governo iemenita se comprometeram em um novo cessar-fogo e concordaram em iniciar um processo de paz em um conflito que já dura oito anos.
“A resistência (de grupos armados em luta contra Israel) dispõe de suas próprias forças e age em função de suas próprias decisões e capacidades”, declarou o vice-ministro iraniano de Relações Exteriores, Ali Bagheri, à agência local Mehr.
Segundo a Mehr, o diplomata reagiu às “afirmações dos Ocidentais” que afirmam que Teerã “informou” os houthis iemenitas sobre “a localização dos navios norte-americanos”.
Os combatentes do grupo afirmam agir em apoio aos palestinos do Hamas em sua guerra contra Israel. Apoiados por Teerã, eles reivindicaram os últimos ataques contra navios comerciais no Mar Vermelho que, segundo eles, teriam envolvimento com Israel.
A Casa Branca acusou o Irã, na sexta-feira (22/12), de estar “muito envolvido no planejamento” dos ataques recentes dos houthis, fornecendo “equipamentos militares sofisticados” e um “ajuda em matéria de inteligência”.
Um drone atingiu, no sábado, uma embarcação comercial no Oceano Índico e provocou danos, sem deixar vítimas, segundo duas agências marítimas. Uma delas afirma que o navio teria relação com Israel. A responsabilidade pelo ataque não foi estabelecida imediatamente.
Segundo o Pentágono, os houthis, que controlam um vasto território do Iêmen que inclui capital Sanaa, lançaram mais de 100 ataques de drones e mísseis, tendo como alvo 10 navios de mais de 35 países.
Wikimedia Commons
Governo iraniano rejeita acusações dos Estados Unidos acerca dos ataques no Mar Vermelho
Cessar-fogo
Também no sábado, o enviado especial da ONU para o Iêmen, Hans Grundberg, anunciou que os houthis e o governo iemenita se comprometeram em um novo cessar-fogo e concordaram em iniciar um processo de paz.
Após uma série de reuniões na Arábia Saudita e em Omã, Grundberg saudou “o compromisso das partes com um conjunto de medidas destinadas a implementar um cessar-fogo em todo o país e a se envolver nos preparativos para a retomada de um processo político inclusivo sob a égide das Nações Unidas”, de acordo com o comunicado da ONU.
O Iêmen, país mais pobre da Península Arábica, está mergulhado há oito anos numa guerra que opõe os houthis às forças governamentais, apoiadas desde 2015 por uma coligação liderada pela Arábia Saudita, que inclui os Emirados Árabes Unidos.
No entanto, a violência diminuiu em grande medida desde uma trégua negociada pela ONU em abril de 2022, que expirou em outubro passado, mas que ainda é parcialmente respeitada.
De acordo com a declaração da ONU, o acordo inclui compromissos de pagar os salários dos funcionários públicos, abrir estradas para a cidade de Taiz, bloqueada pelos combatentes do grupo, e outras partes do Iêmen, e retomar as exportações de petróleo.
“Os iemenitas esperam resultados tangíveis deste novo acordo, a fim de progredir no sentido de uma paz duradoura”, disse Hans Grundberg, citado no comunicado de imprensa. Compromissos que “são acima de tudo uma obrigação com o povo iemenita”, concluiu.