A situação é tensa também em Kerbala, cidade sagrada para os xiitas iraquianos, onde todas as noites ocorrem conflitos entre a polícia e os manifestantes.
“As autoridades temem essa mobilização popular. Para nossos líderes, há muitos interesses em jogo: interesses políticos, é claro, mas também financeiros. E eles têm medo de perder tudo isso se nossa mobilização der frutos”, disse Mohamed Hachem aos enviados especiais da RFI, Sami Boukhelifa e Boris Vichith.
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“É claro que estou falando dos partidos políticos no poder, de certos membros do governo. Também existem potências estrangeiras que interferem em nossos assuntos para defender seus próprios interesses. Todos estão tentando sufocar nosso movimento. Mas também reconheço que alguns manifestantes, ignorantes, estão convencidos de que a violência é a melhor maneira de se fazer ouvir,” completa.
Em Kerbala, assim como em Bagdá e outras cidades do sul do país, a juventude ocupa as ruas exigindo a queda do regime. Portando uma bandeira do Iraque, Hassan, 20 anos, confessa o seu desespero. “Nosso país está corrompido. Apesar dessa forte mobilização popular, nossos líderes ainda preferem nos ignorar. Faz 13 ou 14 dias que estou na rua protestando e ninguém nos ouve. Precisamos de um milagre para expulsar esses líderes corruptos “, afirma.
Violência aumenta à noite
Quando o sol se põe em Kerbala, as forças de segurança se preparam para a batalha. Quase todas as noites, a sede da polícia é atacada. Para jovens como Hassan, é hora de voltar para casa. “À noite, começam os problemas. Existem mercenários pagos para desacreditar nosso movimento “, diz.
Os manifestantes acusam Teerã de querer reprimir seu movimento, a fim de garantir a durabilidade do regime iraquiano, que eles acreditam servir aos interesses da República Islâmica. Nesta semana, uma multidão enfurecida tentou queimar o consulado iraniano em Kerbala.
Centenas de mortos
Desde 1º de outubro, os protestos violentos já deixaram cerca de 300 mortos, a maioria manifestantes. Em Basra, sete pessoas foram mortas em confrontos com forças de segurança nesta quinta (07/11) e sexta-feiras (08/11).