Quinze anos após a queda de Saddam Husseim, 24,5 milhões de eleitores votam neste sábado (12/05) para eleger um novo Parlamento no Iraque. A principal tarefa dos novos deputados será supervisionar a reconstrução de um país em frangalhos, após três anos de guerra contra os jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI).
Sete mil candidatos disputam as 329 cadeiras do Parlamento iraquiano. Cerca de 900 mil policiais e militares estão mobilizados para garantir a segurança da votação. As fronteiras e o espaço aéreo do país permanecem fechados durante todo o dia.
O esquema de segurança é ostensivo. De manhã, havia mais policiais e soldados nas seções eleitorais do que votantes. Geralmente, a participação é mais forte no começo da tarde, assegura o responsável pela seção instalada na escola Dijla, no centro de Bagdá.
Embora o grupo Estado Islâmico tenha sido derrotado pela coalizão internacional, os jihadistas não foram completamente erradicados e ameaçam a votação. Antes de depositar o voto na urna, os eleitores passam por vários postos de controle e são submetidos a revistas sistemáticas.
Guinada histórica
Exibindo o dedo indicador ainda manchado de tinta – o carimbo digital é a prova de participação –, o eleitor Qassem Jaafar se orgulhava de ter cumprido o dever cívico. “A cada nova eleição, há muita esperança e entusiasmo. Estou tentando convencer as pessoas a votarem. Eu digo a mim mesmo que isso ajudará meu país a seguir em frente.”
Qassem Jaafar acredita que esta votação é crucial. “Vivemos um momento de guinada e há muitas razões para isso. Os partidos políticos superaram as divisões tradicionais. Estou admirado e seduzido por seus programas. É realmente importante o que está acontecendo no Iraque, quero enfatizar mais uma vez: os partidos formaram alianças heterogêneas e viraram a página em relação a diferenças confessionais e regionais. Hoje, a prioridade é nossa nação.”
Mas nem todos os iraquianos compartilham o mesmo entusiasmo. Muitos ressaltam a corrupção endêmica e as dificuldades vividas pelos dois milhões de refugiados, expulsos de casa pelos jihadistas.
O grupo partidário que recebe apoio do líder islâmico xiita Moqta al-Sadr, por exemplo, formou uma inusitada aliança com os comunistas. Na avaliação de Mohamed al Helfi, responsável pela campanha eleitoral do partido, não existe contradição nessa união entre os “turbantes” e “a foice e o martelo”, batizada de “A marcha pelas reformas”.
Para Karim Pakzad, pesquisador do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (IRIS), essas são as eleições mais importantes no Iraque desde a invasão americana, em 2003. “As últimas eleições foram marcadas por uma divisão comunitária e religiosa. No passado, os xiitas, que são maioria, tinham uma perspectiva unitária para dirigir o governo. Mas desta vez, o Iraque vai além da questão comunitária e é por isso que certas coalizões se tornaram possíveis”.
De acordo com a comissão eleitoral, as 8.443 seções de votação vão fechar às 18h no horário local. Os 329 assentos dos deputados serão atribuídos proporcionalmente ao número de sufrágios recebidos e os candidatos eleitos de acordo com sua posição nas listas.
Os primeiros resultados devem ser anunciados na terça-feira.