Israel reforça suas tropas neste sábado (08/04) após dois ataques que mataram três pessoas, em meio a um novo ciclo de violência no Oriente Médio. A União Europeia pediu “calma’” a israelenses e palestinos, em pleno fim de semana de Páscoa.
Na noite de sexta-feira (07/04), um turista italiano foi morto em Tel Aviv e outras sete pessoas, com idades entre 17 e 74 anos, ficaram feridas depois que um carro invadiu uma ciclovia na orla da cidade. A polícia disse que o motorista, um homem de 45 anos que foi baleado, era da cidade árabe de Kfar Kassem, no centro de Israel.
Três pessoas ainda estão internadas no Hospital Ichilov em Tel Aviv com ferimentos leves, comunicou o estabelecimento no sábado.
Ainda na sexta-feira, duas irmãs do assentamento israelense de Efrat, de 16 e 20 anos, foram mortas e a mãe delas ficou gravemente ferida em um ataque na Cisjordânia. As duas irmãs, de nacionalidade israelita e britânica, foram vítimas de disparos contra o carro em que estavam, ao passarem no nordeste deste território palestino ocupado por Israel desde 1967.
No sábado, o Exército israelense na Cisjordânia disse que foi atacado durante a noite perto da vila palestina de Yabad (norte). Os militares “dispararam na direção dos agressores” que se encontravam num veículo e “foi identificada” uma pessoa atingida, segundo um comunicado de imprensa.
Mobilização militar
Após o ataque em Tel Aviv, que ocorreu na noite do Shabbat judeu e durante a semana da Páscoa judaica, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu “ordenou à polícia israelense que mobilizasse todas as unidades de reserva da polícia de fronteira e [ao Exército] que mobilizasse forças adicionais para lidar com ataques terroristas”, informou o gabinete do premiê.
A polícia disse que quatro batalhões da polícia de fronteira da reserva serão enviados aos centros das cidades no domingo, além das unidades já mobilizadas na cidade mista de Lod e na área de Jerusalém.
O movimento islâmico palestino Hamas declarou que o ataque em Tel Aviv foi uma “resposta natural e legítima” à “agressão” israelense na mesquita Al-Aqsa em Jerusalém. O atual aumento da tensão teve como estopim uma operação das forças israelitas para retirar fiéis da Esplanada das Mesquitas, o terceiro local mais sagrado do Islã e o local mais sagrado do judaísmo, na quarta-feira (05/04), em pleno Ramadã – o período de jejum dos muçulmanos.
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Netanyahu ordenou à polícia israelense que mobilizasse todas unidades após ataques
Netanyahu afirmou que as forças israelenses foram “forçadas a agir para restaurar a ordem” diante de “extremistas” barricados na mesquita. Já o Hamas, que travou várias guerras com Israel, denunciou um “crime sem precedentes”.
Nos dias seguintes, Israel realizou ataques contra a infraestrutura do Hamas na Faixa de Gaza e no sul do Líbano, em resposta ao lançamento de dezenas de foguetes contra seu território. O Exército israelense afirmou que os tiros não reclamados eram “palestinos” e provavelmente do Hamas.
Evitar “carnificina”
A União Europeia condenou no sábado os ataques em Israel e na Cisjordânia e os ataques com foguetes do Líbano, pedindo “contenção”. O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, pediu às partes para “promoverem a calma” neste período de festas religiosas.
“Israel tem o direito de se defender. Ao mesmo tempo, qualquer resposta deve ser proporcional. A União Europeia pede o fim imediato da violência em curso. Tudo deve ser feito para impedir o conflito de se espalhar”, disse Borrell, em um comunicado.
Na frente israelo-libanesa, esta é uma escalada sem precedentes desde 2006. O primeiro-ministro Netanyahu prometeu fazer os “inimigos” de Israel pagarem um “alto preço” por “cada agressão” contra seu país.
O Hezbollah, organização xiita libanesa com forte presença no sul do Líbano, disse que “todo o eixo de resistência está em alerta máximo”, depois de apoiar “todas as medidas” que os grupos palestinos possam tomar contra Israel.
Israel e Líbano estão tecnicamente em estado de guerra após diferentes conflitos e a linha de cessar-fogo é controlada pela Força Interina das Nações Unidas (Unifil), implantada no sul do Líbano. Segundo a Unifil, “ambos as partes disseram que não querem guerra”.
O Catar, que no passado foi mediador entre Israel e o Hamas em Gaza, está “trabalhando para desescalar” para “evitar uma carnificina”, disse à AFP uma autoridade do emirado na sexta-feira. Desde o início de janeiro, o conflito entre israelenses e palestinos matou pelo menos 91 palestinos, 18 israelenses, um ucraniano e um italiano, segundo contagem da AFP compilada de fontes oficiais israelenses e palestinas.
Estes números incluem, do lado palestino, combatentes e civis, entre eles menores de idade, e do lado israelita, a maioria das vítimas são civis, incluindo menores, e três membros da minoria árabe.