Vitorioso nas eleições legislativas de 1º de novembro, Benjamin Netanyahu foi oficialmente nomeado, neste domingo (13/11), pelo presidente de Israel para formar um novo governo. Ele tem até 42 dias para concluir esta tarefa e terá de negociar com seus aliados de extrema-direita e ultraortodoxos.
“Eu lhe dou o mandato para formar um governo”, disse Isaac Herzog, ao lado de Netanyahu, durante uma entrevista coletiva em Jerusalém, neste domingo.
“Serei o primeiro-ministro de todos, daqueles que votaram em nós, mas também de todos os outros. É minha responsabilidade”, declarou Benjamin Netanyahu, de 73 anos, ao iniciar a formação do novo governo israelense.
Se conseguir, será a sexta vez que “Bibi”, como é chamado, será primeiro-ministro. Por outro lado, desta vez ele estará à frente do governo mais de direita que o país já conheceu.
Em tese, a tarefa não parece complicada, já que 64 deputados eleitos, entre 120, deram o seu apoio à formação da coalizão. Porém, na prática as coisas parecem muito menos fáceis devido ao apetite excessivo das cinco formações parceiras do Likud, o partido de Netanyahu.
A divisão das pastas ministeriais será o maior desafio. A da Segurança e Defesa poderia ser atribuída a um partido de extrema-direita racista e homofóbico. Entre os ultraortodoxos, o líder do partido sefardita Shass, Arieh Dery, revigorado por seus 11 assentos no Parlamento, está de olho nas Finanças ou no Ministério do Interior, segundo a imprensa. Dery foi condenado por evasão fiscal, em 2021, e já havia sido preso por corrupção.
Além do desejo de conferir mais poderes às forças de segurança, a extrema-direita pressiona por uma reforma do sistema judicial, em particular para que os funcionários públicos e os eleitos não possam mais ser processados por quebra de confiança, uma das acusações movida contra Netanyahu.
World Economic Forum/Jolanda Flubacher
Se conseguir, será a sexta vez que ‘Bibi’, como é chamado, será primeiro-ministro
Processo por corrupção
Benjamin Netanyahu volta à cena política, apesar de ter sido acusado de corrupção e enquanto seu julgamento ainda está em andamento. O presidente Herzog disse “para não esquecer” nem “minimizar” essas acusações – que Benjamin Netanyahu rejeita – e lembrou que a Suprema Corte já havia autorizado um legislador indiciado a formar um governo. Em Israel, o primeiro-ministro não tem imunidade judicial, mas não precisa renunciar durante seu julgamento.
O programa político da nova coalizão também é debatido. Netanyahu defende o fortalecimento dos assentamentos de colonos israelenses, um ataque frontal à Suprema Corte e o não reconhecimento das conversões ao judaísmo praticadas por rabinos não ortodoxos.
O primeiro-ministro prometeu, no entanto, “um governo estável e eficiente, um governo responsável e comprometido”.
Reação dos palestinos
Do lado palestino, os resultados eleitorais foram vistos com fatalismo. O primeiro-ministro Mohammed Shtayyeh disse que “não tinha ilusões de que as eleições produziriam um parceiro para a paz”.
Sob os governos anteriores de Netanyahu, os assentamentos israelenses nos Territórios Palestinos Ocupados aumentaram e foram assinados acordos de normalização com países árabes considerados “traição” pelos palestinos.