O Ministério da Defesa de Israel declarou que seis organizações não-governamentais (ONGS) palestinas passam a ter o status de “terroristas” e, portanto, de entidades ilegais.
Com a medida, emitida como ordem militar na sexta-feira (22/10), as forças israelense de ocupação poderão fechar os escritórios das organizações, apreender e confiscar seus bens, prender seus membros e proibir atos de financiamento e apoio.
As organizações atingidas são: Addameer (palavra em árabe para “consciência”), al-Haq (palavra para “justiça”), Defesa das Crianças da Palestina (DCI), União dos Comitês de Trabalho Agrícola, Centro Bisan para Pesquisa e Desenvolvimento e Comitê da União das Mulheres Palestinas.
Ou seja, grupos que atuam e advogam nas áreas de direitos humanos, responsabilização de Israel por crimes internacionais e luta pela terra.
Hagai El-Ad, diretor executivo da B’Tselem, Centro de Informação Israelense para os direitos humanos nos territórios ocupados, afirmou, em nota, que a entidade se “solidariza” com os palestinos após a decisão de Israel. Segundo o dirigente, a declaração “vergonhosa” do Ministério da Defesa “cruzou uma linha que nenhum governo ousou cruzar”.
“A declaração vergonhosa nada diz sobre essas organizações, mas fala muito sobre a violência, brutalidade e arrogância que o regime israelense tem usado rotineiramente contra os palestinos por décadas”, disse.
Israel Defense Forces/ Flickr
Com declaração do Ministério da Defesa israelense, organizações palestinas passam a ser consideradas ilegais
O diretor executivo da B’Tselem ainda afirmou que o “regime do apartheid israelense” não “hesita em usar poderes para evitar que os palestinos exponham sua ações”.
“Qualquer que seja o resultado da recente declaração, uma coisa é clara: a luta palestina pelos direitos humanos, liberdade e igualdade continuará e B’Tselem continuará a se solidarizar com nossos colegas palestinos – até que o apartheid seja abolido”, declarou.
Israel afirma que as ONGs são ligadas à Frente Popular pela Libertação da Palestina (FPLP). “Essas organizações fazem parte de uma rede que, sob o pretexto de atividades internacionais, dependem da FPLP para apoiar seus objetivos e promover suas atividades”, disse o ministro da Defesa, Benny Gantz, em comunicado.
O Centro Legal para os Direitos da Minoria Árabe em Israel (Adalah) afirmou que a medida atingiu as organizações de direitos humanos mais proeminentes na Palestina.
A Anistia Internacional e a Human Rights Watch também criticaram a decisão israelense em comunicado.
Em trecho do comunicado, as duas organizações afirmam que “o fracasso de décadas da comunidade internacional em desafiar os graves abusos israelenses de direitos humanos e impor consequências significativas a eles acabou por fortalecer autoridades israelenses a agir dessa maneira descarada”.
(*) Com Brasil de Fato.