Israel e Líbano chegaram a um acordo intermediado pelos Estados Unidos para resolver uma antiga disputa sobre suas fronteiras marítimas. O compromisso, anunciado nesta terça-feira (11/10), pode desbloquear a exploração de recursos de gás na área.
Os Estados Unidos estavam realizando uma mediação há dois anos os vizinhos Israel e Líbano para tentar resolver a disputa fronteiriça em uma área do Mediterrâneo rica em recursos de gás. O enviado norte-americano, Amos Hochstein, apresentou uma proposta no início deste mês, que foi recebida por ambos os lados.
Embora o pacto parecesse ruir depois que Israel rejeitou as emendas de Beirute, as negociações continuaram até que um acordo final fosse selado.
Segundo a imprensa local e os responsáveis pela negociação, a proposta prevê deixar o campo de Karish sob controle israelense e ceder o campo de gás de Qana, localizado mais a nordeste, ao Líbano. No entanto, uma parte desse depósito ultrapassará a linha de fronteira entre os dois países, com a qual Israel levaria parte dos benefícios da exploração, indicaram essas fontes.
Reprodução
Embora emendas de Beirute terem sido rejeitadas por Israel, negociações continuaram até que acordo final fosse selado
O acordo ainda precisa de uma última etapa de validação. O premiê israelense convocou uma reunião com suas equipes de segurança para esta quarta-feira (12/10). Em seguida, haverá uma reunião especial do governo para obter o sinal verde definitivo.
O que está em jogo
As negociações eram cruciais principalmente para o Líbano, que está falido e embarcou na exploração de hidrocarbonetos offshore. Em 2018, o país assinou o primeiro contrato de exploração de dois blocos com um consórcio internacional. O problema é que parte do bloco número 9 se espalha em uma área de 860 km² disputada também por Israel.
Já do lado israelense, e um contexto de escassez de gás na Europa devido à invasão da Ucrânia, o país quer iniciar a exploração em Karish o quanto antes para exportar para o Velho Continente.
Líbano e Israel ainda estão tecnicamente em guerra e não têm relações diplomáticas. Sua fronteira terrestre é patrulhada pelas Nações Unidas.
O último grande confronto entre o Hezbollah e Israel ocorreu no verão de 2006. Uma guerra devastadora que durou pouco mais de um mês e deixou mais de 1.200 mortos do lado libanês, a maioria civis, e 160 do lado israelense, essencialmente militares.