Com a Faixa de Gaza ainda sob cerco militar e com tropas prontas para uma invasão terrestre, Israel estabeleceu um prazo máximo de dois dias para que a diplomacia egípcia negocie um cessar-fogo entre as partes. A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, viaja nesta terça-feira (20/11) para Israel também para pressionar por uma trégua.
Efe
Criança resgata brinquedos em meios aos escombros de uma casa na Cidade de Gaza, sob ataque israelense
A movimentação diplomática começou nesta nesta segunda-feira (19/11), quando uma delegação de ministros israelenses viajou ao Cairo, para participar de um encontro entre chanceleres da Liga Árabe e o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon. Após horas de debate, os membros do gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu concordaram em colocar “em espera” o projeto de invasão terrestre.
No entanto, consultados pela emissora britânica BBC, membros da cúpula do Exército negam terem recebido ordens para adiar a invasão a Gaza e alegam que a operação pode ocorrer mesmo em meio às negociações no Cairo. Um dos maiores receios da ONU e da Liga Árabe é de que este novo projeto de intervenção terrestre seja semelhante à Operação Chumbo Fundido, ofensiva entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009 que deixou mais de 1,4 mil palestinos mortos.
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O porta-voz do gabinete de Netanyahu revelou à imprensa que o primeiro-ministro telefonou ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, nesta segunda-feira (19/11). Em meio à conversa ele teria notificado a Casa Branca de que “Israel espera que o diálogo seja bem-sucedido, mas que, de qualquer forma, suas tropas estão preparadas para entrar em Gaza”.
Hillary
Em um giro diplomático pela Ásia ao lado do presidente norte-americano, Hillary foi orientada a trabalhar por uma trégua. “Uma decisão foi tomada para dar mais tempo à diplomacia, mas não tempo indeterminado”, afirmou uma fonte do Departamento de Estado ao The New York Times. Hillary vai se reunir com o premier Benjamin Netanyahu e outras autoridades israelenses, em Tel Aviv, na quarta-feira, e ainda vai a Ramallah, onde deve se encontrar com o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas. Ela não vai tem encontro marcado com autoridades do Hamas.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também deve visitar Jerusalém nesta terça-feira, depois de participar, no Egito, das negociações indiretas para a trégua. “Passos imediatos são necessários para evitar qualquer escalada, incluindo a operação por terra, que só pode resultar em mais tragédia”, disse Ban.
O líder do Hamas Khaled Meshal e o chefe da Jihad Islâmica Ramadan Abdullah Shalah devem se reunir nesta manhã com o chefe da inteligência egípcia, Raafat Shehata, em uma tentativa de acertar os últimos detalhes do cessar-fogo. De acordo com fontes no Cairo, citadas pelo jornal israelense Haaretz, a trégua seria implementada em duas fases. Na primeira, os dois lados suspenderiam os ataques, e depois haveria uma discussão sobre o fim do bloqueio a Gaza, imposto por Israel desde 2007.
Estima-se que mais de 110 palestinos já morreram desde a última quarta-feira (14/11), quando a morte do líder militar do Hamas, Ahmed Jabari, desencadeou uma nova investida militar contra Gaza. Do lado israelense, números oficiais indicam que são três os mortos até o momento.