Os israelenses vão às urnas nesta segunda-feira (02/03) na terceira eleição parlamentar em menos de um ano. Eles votaram em 9 abril e 17 de setembro de 2019 e foram chamados novamente a eleger os deputados do país. Mas o impasse político e o desânimo dos 6,4 milhões de eleitores israelenses podem levar a uma quarta votação em alguns meses.
A votação de hoje acontece em 10,6 mil urnas por todo o país. A grande novidade são as 16 urnas especiais para eleitores contaminados pelo coronavírus ou em quarentena por suspeita de contaminação. Em Israel, 10 pessoas estão doentes com o vírus, mas 5,6 mil estão confinadas por suspeita de contaminação. As autoridades criaram urnas cobertas por plásticos que foram colocadas dentro de tendas especiais, nas quais paramédicos vão ficar responsáveis pela contagem dos votos.
O medo da infecção também pode diminuir o número de votantes, já que votar em Israel não é obrigatório. Segundo pesquisas, 7% dos eleitores disseram estar com medo de comparecer às urnas por causa do vírus.
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País dividido
O impasse político em Israel acontece porque o país está totalmente dividido e tem um sistema eleitoral parlamentarista com apenas 120 representantes no Knesset, o Parlamento em Jerusalém. Para conseguir governar sozinho, um partido precisa de 61 cadeiras no Parlamento e, até agora, nenhum chega perto disso. Então, os líderes precisam fazer coalizões. Se isso funcionou até recentemente em Israel, há um ano está difícil montar um governo.
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Pleito pode resolver impasse gerado entre Netanyahu e Gantz
Como nas duas votações anteriores, as pesquisas eleitorais indicam empate técnico entre o partido de direita Likud, do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, e o de centro Azul e Branco, do ex-chefe do exército Benny Gantz. Os dois partidos devem receber, pelas pesquisas, de 33 a 35 cadeiras no Knesset, longe do mínimo de 61 para formar um governo.
Na última década, Netanyahu conseguiu formar coalizões de direita, mas, há um ano, um de seus principais aliados se tornou um desafeto. O ex-aliado é o ex-ministro da Defesa e ex-chanceler Avigdor Lieberman, líder do partido ultranacionalista Israel Nossa Casa. Ele deve receber entre 6 e 7 cadeiras no Parlamento e ser, de novo, o fiel da balança.
Mas, como das duas vezes anteriores, Lieberman não se compromete com direitistas ou esquerdistas. Por um lado, ele se identifica com a direita quando se trata de diplomacia e o relacionamento com os palestinos. Mas, por outro, com a esquerda liberal na questão da separação entre religião e Estado.
Netanyahu em posição favorável
Netanyahu está tentando conseguir 61 cadeiras sem o partido de Lieberman e pode conseguir. Ele tenta, por exemplo, atrair mais eleitores prometendo anexar assentamentos israelenses na Cisjordânia através do chamado “Acordo do Século”, do presidente norte-americano Donald Trump. Segundo pesquisas recentes, os partidos de direita alcançaram 58 ou até 59 cadeiras – só algumas a menos do que o necessário.
Já Gantz, que está um pouco atrás com 56 cadeiras, tenta atrair os eleitores insatisfeitos com Netanyahu, que está no poder há 11 anos consecutivos (14, somando três na década de 90). Mas 14 ou 15 eleitos da esquerda devem ser representantes da Lista Unida, o partido da minoria árabe-israelense. Esse partido já disse que não vai entrar em nenhuma coalizão de governo, mesmo de centro. Então, a situação do Azul e Branco de Benny Gantz é mais complicada.
Mas se for eleito, Netanyahu ainda terá que enfrentar a Justiça. Ele foi indiciado no ano passado por suborno, fraude e quebra de confiança. O julgamento começa em 17 de março e, até agora, o premiê não conseguiu receber imunidade parlamentar. Então, ele realmente luta por sua sobrevivência política e, principalmente, para conseguir maioria no Parlamento para aprovar sua imunidade.