A brasileira Marina Falavina, de 27 anos, sofre com a mesma realidade de muitas mulheres israelenses em tempos de conflito. Seu marido, Avishay Elmaleh, 30 anos, foi convocado pelo Exército israelense em dezembro de 2008, no início dos ataques à Faixa de Gaza, e está concentrado junto a outros soldados, em uma unidade especial ao norte de Israel – perto da fronteira com o Líbano, onde ontem (8) houve bombardeio.
“Temos uma filha pequena, de quatro anos, e estou muito preocupada com toda a situação”, relatou a jornalista, que mora em Tel Aviv há pouco mais de dois anos, ao Opera Mundi. A maioria dos reservistas chamados pelas Forças Armadas tem entre 22 e 35 anos. Eles “são deslocados de suas famílias e emprego de forma abrupta” quando há algum conflito em curso, segundo ela. Cerca de seis mil reservistas foram convocados desde o início do conflito crise entre Israel e o grupo palestino Hamas.
Todos os cidadãos de Israel devem cumprir serviço militar, exceto aqueles mais religiosos – homens por três anos, mulheres por um ano e meio. Em momentos de crise, podem ser chamados a qualquer momento para lutar.
Segundo Marina, seu marido relatou em conversas telefônicas que o clima entre os soldados é de apreensão. “Avishay disse que ninguém quer estar lá. Na faixa etária dele, todos são casados e têm famílias. Eles não querem lutar. Pára-se a rotina para colocar todas as vidas em risco”, explica. Mas ao mesmo tempo, ela conta que “todos apóiam a investida israelense”. “Caso algum reservista não queira servir, ele não precisa. Todos que estão lá querem defender Israel”.
Ainda de acordo com relatos de Avishay, os soldados mais novos estão sendo chamados para entrar em combate antes dos mais velhos. “Ele contou que os jovens não têm muita opinião e não estão entendendo a real dimensão e gravidade do conflito”, disse a mulher dele.
“Terríveis instantes de apreensão”
Marina concorda com as ações do governo israelense, que, para ela, “tentou exaustivamente evitar um ataque à Faixa de Gaza”. “A operação é necessária, e digo isso como brasileira. Não sou israelense, nem judia. Mas o fato é que estão caindo bombas a 20 minutos [de carro] da minha casa e é preciso nos proteger”, argumentou. Segundo ela, no início da semana, soou a sirene que avisa os moradores de perigo de bombardeio. “Corremos para o quarto blindado, obrigatório dentro de todas as casas aqui em Israel. São instantes terríveis de apreensão”.
O dia-a-dia na cosmopolita Tel Aviv tem sido relativamente tranqüilo, conforme relatou Marina. “O comércio e as escolas funcionam normalmente. No entanto, todos estão preocupados e recorrem aos jornais e televisão a todo momento para saber o que acontece”. De acordo com ela, imagens de crianças e mulheres feridas ou mortas em Gaza são exibidas pelos veículos de comunicação em Israel. “Sofremos muito com as fotos”.
Apesar das freqüentes guerras e ataques suicidas, ela acha que foi uma boa troca sair do Brasil para morar em Israel. “Israel é um país muito forte e seguro. Saí de São Paulo por medo da violência e hoje me sinto muito segura em Tel Aviv. O terrorismo não é presente todos os dias”. Perguntada sobre suas expectativas, Marina respondeu que espera por uma trégua. “Desejo que os palestinos tenham a chance de viver um pouco melhor”. Não só ela.
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