Cerca de 30 mil israelenses participaram nesta quarta-feira (01/06) de uma marcha que comemora o aniversário de 44 anos da ocupação do setor oriental de Jerusalém, ocorrida em 1967 na Guerra dos Seis Dias. As informações são das agências Efe e France Presse. O evento contou com o apoio e discurso favorável do premiê israelense direitista Benjamin Netanyahu.
A passeata teve início no bairro palestino de Sheikh Jerrah até o Muro das Lamentações, na Cidade Velha, e reuniu conservadores nacionalistas que empunhavam bandeiras e gritavam palavras de ordem contra uma eventual devolução do lado palestino da cidade. O bairro é foco constante de enfrentamentos pelas aquisições por parte de famílias judaicas de propriedades nas quais vivem palestinos.
“Hoje é o Dia de Jerusalém. É uma data muito importante porque declara que esta cidade é nossa, que lutamos por ela, a libertamos dos árabes e é nossa capital”, declarou à Agência Efe Talin Sirado, um israelense de 16 anos.
Os moradores palestinos observaram de suas casas o tumulto originado por milhares de jovens judeus que cantavam e dançavam diante do olhar atento de soldados de diferentes corpos de segurança, em um ato considerado pelos aldeões como “uma provocação”.
Ahmad Hassan, representante das famílias de presos palestinos em Jerusalém, observava em silêncio de uma clínica palestina divisória a multidão de jovens judeus. “Isto é uma autêntica ocupação de nossas terras. Jerusalém não é só de Israel. Aqui também há mesquitas e igrejas. O que eles querem é tirar-nos da terra de nossos pais e avôs”, protestou.
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Os participantes do ato encerraram o desfile no Muro das Lamentações, considerado um dos locais mais sagrados do judaísmo.
O status de Jerusalém é uma das questões mais polêmicas e de difícil solução no conflito israelense-palestino. A cidade foi tomada da Jordânia em 1967. Em 1981, a Constituição israelense passou a considerar a cidade como “capital eterna e indivisível” do Estado judeu.
Outro fato complicador para a devolução do setor aos palestinos é que mais de 200 mil cidadãos israelenses moram hoje em dia em Jerusalém Oriental, e os planos de expansão continuam. De acordo com as lideranças palestinas, uma das condições para que seja possível um acordo de paz com Israel é que Jerusalém Oriental seja a capital do futuro Estado Palestino, enquanto a parte ocidental continuaria sob administração israelense.
Radicalismo político
De manhã, cerca de 100 pessoas participaram de outra procissão organizada por um grupo ultradireitista que também terminou no Muro das Lamentações.
Os eventos foram abertos com um discurso do primeiro ministro Benjamin Netanyahu, que declarou que o país jamais concordará em voltar à situação existente em Jerusalém antes da guerra de 1967.
“Naquela época, Jerusalém era uma cidade dividida e ameaçada”, afirmou o premiê, “jamais concordaremos que nossa capital volte a ser dividida”.
No discurso, Netanyahu mencionou sua infância em Jerusalém, quando a parte oriental da cidade, onde se encontram os lugares sagrados das três religiões monoteístas, estava sob controle da Jordânia.
“A cidade se encontrava sob bombardeios ou ameaças de bombardeios constantes”. Ele ainda afirmou que para ver a Cidade Velha 'tinha que olhar de longe e subir' em prédios altos.
O presidente israelense, Shimon Peres declarou nesta quarta-feira que Jerusalém verá a paz “em nossos dias” e que, após “reunificá-la” em 1967, Israel restaurou nela a liberdade de credo e culto, apesar de persistirem as “diferenças” e os “conflitos”.
Esperança
As autoridades israelenses mobilizaram três mil policiais para garantir a segurança dos eventos do Dia de Jerusalém.
Mesmo assim, participantes se confrontaram com manifestantes progressistas que protestavam contra o ato por considerá-lo uma 'provocação' contra os palestinos.
O grupo pacifista Gush Shalom protestou contra o evento, afirmando que “a marcha provocadora dos colonos simboliza a mentira da “unificação” de Jerusalém”. O Gush Shalom, que exige o cancelamento das comemorações do Dia de Jerusalém, afirma que “não houve unificação, mas sim a criação de um regime de ocupação que oprime os palestinos de Jerusalém Oriental”.
A comunidade internacional não reconhece Jerusalém como capital de Israel e todos os países mantêm suas embaixadas em Tel Aviv.
A parte oriental inclui a Cidade Antiga de Jerusalém, onde estão localizados alguns dos principais locais sagrados para o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, como o Muro das Lamentações, a Esplanada das Mesquitas e a Basílica do Santo Sepulcro.
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