O presidente da Itália, Sergio Mattarella, encarregou nesta segunda-feira (28/05) o economista e ex-diretor do FMI (Fundo Monetário Internacional) Carlo Cottarelli, da missão de tentar formar um novo governo ao país. A decisão já era esperada, após a saída, no domingo (27/05), do premier encarregado Giuseppe Conte. Cottarelli teve uma reunião com Mattarella nesta manhã, no Palácio do Quirinale, mas aceitou o encargo com “reservas”.
Cottarelli foi convocado por Mattarella horas depois de Conte abandonar a função devido a um entrave na lista de ministros. O presidente se opôs fortemente à lista apresentada por Conte, que continha a indicação do eurocético Paolo Savona para o Ministério da Economia da Itália.
Savona, um defensor da saída do euro e um crítico da União Europeia, era desejado no governo pelo partido ultranacionalista Liga Norte, de Matteo Salvini. A objeção de Mattarella ao governo formado por Conte foi vista com repulsa pelos partidos vencedores das eleições de março, a Liga Norte e o Movimento 5 Estrelas (M5S), que, apesar das divergências políticas, uniram-se na tentativa de formar um governo de coalizão.
Os partidos acusam Mattarella de traição e de ter tomado uma decisão antidemocrática. Várias legendas de direita já falam em processo de impeachment do presidente. Segundo eles, o mandatário tomou uma decisão unilateral que desrespeita o que os eleitores escolheram nas urnas.
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Presidência da República da Itália
Cottarelli foi indicado pelo presidente Sergio Mattarella como novo primeiro-ministro da Itália
Encargo
Em uma entrevista coletiva de imprensa após o encontro com o presidente, o Cottarelli disse que tentará formar um governo “neutro”, pois não pretende ser candidato, nem político. Ele também comentou que, se não conseguir o voto de confiança do Parlamento, convocará eleições depois de agosto.
“O governo [se formado] manteria uma neutralidade completa em relação ao debate eleitoral. Me comprometo a não me candidatar e pedirei o mesmo a todos os membros do meu futuro governo”, disse. “Vou me apesentar com um programa que, para o voto de confiança, incluirá a aprovação da lei orçamentária e, depois, caso não tenha apoio, a dissolução do Parlamento e eleições em 2019”, anunciou.
Nascido em 1954, em Cremona, o economista tentará articular com as forças políticas um novo governo para a Itália, que está sem liderança desde março. “Aceitei a missão de formar um governo, como me pediu o presidente da República. Estou muito honrado, como italiano, deste encargo e darei meu melhor”, disse.
(*) Com Ansa