Agência Efe (29/05/12)
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil afirmou neste domingo (25/08), em comunicado, que vai abrir um inquérito para apurar a chegada do senador boliviana Roger Pinto Molina ao país e que não só não se envolveu como não teve conhecimento do ocorrido. O ministério disse que convocou o encarregado de Negócios do Brasil em La Paz, ministro Eduardo Saboia, para prestar esclarecimentos.
O senador, de 53 anos, estava há mais de um ano na embaixada brasileira em La Paz. Opositor de Evo Morales, ele alegava ser perseguido politicamente pelo governo boliviano – responde a mais de 20 processos por crimes comuns, já tendo sido condenado a um ano de prisão por um deles. A Bolívia se recusava a conceder um salvo conduto ao senador para que ele pudesse cruzar a fronteira.
Ao desembarcar em Brasília, Pinto agradeceu às autoridades brasileiras, mas evitou comentar a sua vinda ao país sem o salvo-conduto do governo boliviano, que seria necessário para a viagem. “Devo agradecer uma vez mais a todo o Brasil e as suas autoridades. (…) Em um momento oportuno, uma vez que conheço a decisão das autoridades, poderei me pronunciar mais.”
Outro lado
A Bolívia, por sua vez, reclamou do ocorrido e pediu um relatório oficial sobre a fuga, mas afirmou que não romperá as relações diplomáticas com o vizinho. No entanto, o governo boliviano também disse que o Brasil deve explicar como ocorreu a fuga do senador opositor do país, pois o político não tinha permissão legal para deixar a embaixada e existem quatro ordens judiciais que impediam sua saída.
O ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, disse que não se pode dar tanta importância ao caso: “Com o Brasil temos que ser muito prudentes. O que é Roger Pinto no meio de uma dinâmica comercial de dois e três bilhões de dólares? O que é Roger Pinto? Um suspiro no ar. Não se deve dar mais voo do que tem”, questionou.
A Bolívia, segundo Quintana, deseja que o Brasil explique o caso por vias diplomáticas, pois não acredita na versão do uso de um veículo oficial e do acompanhamento de militares brasileiros na saída de Roger Pinto.
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“Este caso não afeta as relações com o Brasil. As relações entre Bolívia e Brasil se mantêm em uma situação de absoluta cordialidade e respeito”, disse a ministra de Comunicação, Amanda Dávila, em entrevista coletiva no Palácio de Governo. “O governo boliviano e o presidente Evo Morales expressaram sempre e seguirão demonstrando todo seu afeto e respeito pela presidente Dilma Rousseff e o governo brasileiro”, acrescentou.
O presidente boliviano, Evo Morales, não se pronunciou sobre o assunto em discurso realizado neste domingo (25). Fontes oficiais disseram que o governante está “obviamente surpreendido” com o sucedido.
O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado do Brasil, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), recebeu hoje Roger Pinto em Brasília e afirmou que o político saiu da Bolívia em um veículo oficial brasileiro e escoltado por fuzileiros navais.
Segundo sua versão, Roger Pinto foi levado por terra até Corumbá, no Mato Grosso do Sul, em uma viagem que durou 22 horas.
Leia a íntegra da nota nº 296 do Ministério das Relações Exteriores:
“O Ministério das Relações Exteriores foi informado, no dia 24 de agosto, do ingresso em território brasileiro, na mesma data, do Senador boliviano Roger Pinto Molina, asilado há mais de um ano na Embaixada em La Paz.
O Ministério está reunindo elementos acerca das circunstâncias em que se verificou a saída do Senador boliviano da Embaixada brasileira e de sua entrada em território nacional. O Encarregado de Negócios do Brasil em La Paz, Ministro Eduardo Saboia, está sendo chamado a Brasília para esclarecimentos.
O Ministério das Relações Exteriores abrirá inquérito e tomará as medidas administrativas e disciplinares cabíveis”.