O Japão considera voltar a impulsionar e fomentar a produção de energia nuclear. Pouco mais de 11 anos após um terremoto e um consequente tsunami terem causado o desastre de Fukushima, o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, disse nesta quarta-feira (24/08) que o Japão estuda estender a vida operacional e construir uma nova geração de usinas nucleares.
“O Japão precisa ter em mente possíveis cenários de crise”, disse Kishida durante uma conferência sobre políticas verdes, da qual participou remotamente devido a um teste positivo de covid-19.
O anúncio do primeiro-ministro japonês incorpora um afastamento da política oficial anunciada anteriormente no Japão. A decisão sobre o caminho a ser tomado em relação à reestruturação de sua política energética deve ser definida até o final do ano, segundo Kishida.
Qual era a política japonesa em relação às usinas nucleares?
Após o desastre de Fukushima, a postura da política e da opinião pública mudou abruptamente e mirou a redução do uso de energia nuclear, especialmente por que o país insular contempla uma quantidade significativa de atividades sísmicas.
As autoridades estabeleceram um limite de 40 anos para a vida operacional das usinas nucleares, com outros 20 anos adicionais caso as medidas de segurança fossem mantidas rigorosamente. Ou seja, foi determinado que as usinas nucleares existentes no Japão poderiam permanecer em uso por no máximo mais 60 anos.
Shohei Miyano/Kyodo News/AP/picture alliance
Crise energética impulsionada pela guerra na Ucrânia é um dos fatores para o Japão voltar a fomentar a energia nuclear
A meta estabelecida era reduzir o consumo de energia nuclear para aproximadamente um quinto da demanda energética do país até 2030 – o que representaria uma redução significativa em relação ao percentual de consumo antes do desastre de Fukushima. O Japão declarou também visar a neutralidade em carbono em 2050.
Onde a energia nuclear é usada atualmente no Japão?
Em meados deste ano, o Japão tinha sete reatores em operação e outros três desligados devido a trabalhos de manutenção. O governo japonês anunciou planos para reativar até nove reatores até o final deste ano, assim como outros sete reatores até a metade de 2023.
Muitos outros ainda estão em meio a um processo de obtenção de novas licenças sob padrões de segurança mais rígidos impostos após o desastre de Fukushima. Ao todo, o Japão possui 33 reatores nucleares.
O atual governo japonês tem defendido um retorno do uso de energia nuclear – essa reivindicação ganhou força à medida que o fornecimento global de energia sofreu contratempos consideráveis após a invasão da Ucrânia pela Rússia, além da pressão da comunidade internacional por uma redução nas emissões poluentes.
O Japão é atualmente a terceira maior economia do mundo. Durante o calor extremo nos recentes meses de verão, o governo japonês pediu aos moradores que fizessem todo o possível para economizar energia.