O Japão aprovou nesta terça-feira (01/04) uma norma que suspende a proibição de venda de armas ao exterior, após quase 50 anos de restrição. A medida, anunciada pelo secretário-geral do governo do primeiro-ministro Shinzo Abe, Yoshihide Suga, foi tomada pelo governo direitista em um contexto de tensão regional, sobretudo com a China .
Conhecido por ser conservador, Abe tem a intenção de reformar a Constituição japonesa, reinterpretando o princípio de autodefesa reconhecido na Carta pacifista para propagar, segundo ele, a ideia de que o país promove a “autodefesa coletiva”. Para o premiê, tal reformulação faria parte de uma estratégia de segurança para o Japão e, em especial, para os norte-americanos.
Efe
O conservador primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, durante cúpula de segurança nuclear na semana passada na Holanda
O Japão “continuará a contribuir para a paz e procurará a cooperação tecnológica na área da defesa com os Estados Unidos e outros países”, justificou o ministro da Defesa japonês, Itsunori Onodera, segundo a agência Kyodo. Entre os materiais produzidos pelo Japão, destacam-se munições, fuzis, tanques e navios caça-bombardeiros F2.
Além dos EUA, os armamentos poderão ser negociados com países como Indonésia, Vietnã e Filipinas – que também estariam preocupados com as recentes ambições do governo chinês. A exportação de equipamentos para fins pacíficos e humanitários, como as missões de paz da ONU, também serão permitidos.
NULL
NULL
Chamado pelo governo de “exportação de material de defesa”, o novo regulamento terá determinadas condições. De acordo com as novas regras, o país não realizará exportações de armamentos que ameacem a segurança mundial, exigindo garantias prévias e um sistema de controle para que o conteúdo não caia nas mãos de terceiros.
“Tomamos medidas para fazer com que as transferências dos equipamentos de defesa sejam mais transparentes. Isso contribuirá para a paz e a cooperação em virtude do princípio de um pacifismo preventivo”, afirmou Suga, à AFP.
Efe
Modelo de bombardeiro norte-americano usado para desafiar China e apoiar Japão no fim do ano passado: cooperação bilateral
De acordo com uma recente pesquisa realizada pela agência Kyodo, quase 67% dos japoneses se opõem às exportações de armas. A nova regulamentação também não agradou à China e à Coreia do Sul, dois dos principais exportadores de materiais militares na região.
Durante a Guerra Fria, em 1967, o Japão havia aprovado três princípios segundo os quais eram proibidas as vendas de armas aos países pertencentes ao bloco comunista; aos Estados envolvidos em conflitos internacionais; e aos países sujeitos à resolução do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). No entanto, em 1976, essas restrições foram intensificadas, levando a uma proibição absoluta da venda de armas.