O presidente de transição do Gabão, general Brice Oligui Nguema, ordenou nesta quinta-feira (07/09), que o ex-presidente deposto pela junta militar, Ali Bongo, fosse libertado de sua prisão domiciliar no Palácio Presidencial por motivos de saúde.
“Dado o seu estado de saúde, o ex-Presidente da República Ali Bongo Ondimba tem liberdade de circulação. Ele pode, se desejar, viajar para o exterior para exames médicos”, disse o porta-voz militar do Gabão, coronel Ulrich Manfoumbi, num comunicado televisionado, repercutiu o portal Al Jazeera.
Bongo estava detido desde o levante militar em 30 de agosto, quando um grupo de 12 militares do Gabão informou a tomada do poder. O anúncio dos oficiais informava que Bongo havia sido deposto de seu cargo, mas que continuaria com todos os direitos civis.
Após a deposição, o ex-presidente gravou um vídeo clamando por ajuda internacional para solucionar a situação política no país. Na mensagem, Bongo também falou que estava separado de sua família.
Por sua vez, os militares garantiram que seus parentes também estavam na sede da Presidência, bem como seus médicos.
O que está acontecendo no Gabão?
A junta militar gabonesa informou em 30 de agosto a tomada do poder, dissolvendo as instituições do país (governo, Senado, Assembleia Nacional, Tribunal Constitucional e Conselho Eleitoral) e anulando o resultado das eleições de 26 de agosto que reelegeram pela terceira vez o então presidente Ali Bongo.
Após a tomada de poder, os militares nomearam o general Brice Oligui Nguema como presidente de transição, que tomou posse na última segunda-feira (04/09).
Bongo estava no poder havia 14 anos, mas sua família governava o Gabão de forma ininterrupta desde 1967, sendo que obteve independência da França em 1960. A derrubada do presidente foi comemorada com festa nas ruas da capital Libreville.
Flickr/Paul Kagame
Bongo estava detido desde o levante militar em 30 de agosto, quando um grupo de 12 militares do Gabão informou a tomada do poder
O levante militar no Gabão fez com que o Conselho de Segurança e Paz da União Africana (UA) suspendesse o país “de todas as suas atividades, órgãos e instituições até a restauração da ordem constitucional”.
Ainda não há declarações sobre possibilidade de intervenção militar estrangeira no Gabão. A UA solicitou “uma missão de alto nível”, em colaboração com a Comunidade Econômica dos Estados da África Central (CEEAC) para que a crise política seja solucionada.
Nguema reuniu-se com o presidente da República da África Central, Faustin Archange Touadera, enviado da CEEAC e nomeado como facilitar da situação no Gabão, na última quarta-feira (06/09).
Já a União Europeia manifestou sua preocupação com a situação em Libreville, classificando o levante militar no Gabão como um “golpe de Estado, que aumentará a instabilidade em toda a região”, reconhecendo a situação como “um grande problema pra Europa” que denuncia a necessidade de “melhorar suas relações” com os países da África.
Outros levantes militares na África
O levante no Gabão não foi um movimento isolado. Mais recentemente, no final de julho, o Níger, na África Ocidental, também viveu uma situação semelhante.
Mali, Guiné, Sudão e Burkina Faso também encontram-se sob governos de transição militares, com eleições previstas para 2024 em alguns desses países.
Todos eles apresentam passados de colonização por países europeus e obtiveram suas independências após anos de exploração do imperialismo.