O juiz anticorrupção de La Paz, Andrés Zabaleta, estendeu por mais seis meses a prisão preventiva da ex-presidente autoproclamada da Bolívia Jeanine Áñez na noite desta terça-feira (03/08).
De acordo com a decisão do magistrado, “há o risco de fuga” e de “contaminação de provas” do processo se houver a libertação.
Áñez foi presa em março e está no presídio de Miraflores, em La Paz, e é investigada por violação de deveres e por tomar decisões contrárias à Constituição do país, como a autorização de obtenção de crédito no Fundo Monetário Internacional (FMI) e a aprovação de decreto contra a liberdade de expressão.
Assim como, ela também é investigada em outro processo por terrorismo, sedição e conspiração para derrubar seu antecessor, Evo Morales, além de associação aos massacres de Sacaba e Senkata, que deixaram 36 pessoas mortas e 804 feridas.
O advogado de defesa de Añez, Luis Guillén, denunciou a medida, alegando que ela atende a decisão de um juiz de instrução criminal que “decidiu separar os processos [do golpe de Estado] e encaminhá-los a um processo juiz anticorrupção”.
Ricardo Carvallo Terán/ABI
Áñez foi presa em 13 de março deste ano por ações tomadas no âmbito do golpe de Estado na Bolívia
Morales havia sido eleito para um quarto mandato em 2019, mas a oposição não reconheceu o resultado, assim como a Organização dos Estados Americanos (OEA). Ambos citaram supostas fraudes no processo, mas um estudo feito por diversas universidades dos Estados Unidos no ano passado apontou que o relatório da entidade tinha diversas falhas técnicas e que não era possível afirmar que houve irregularidades na eleição.
Por conta da pressão de militares e da oposição direitista, o então presidente eleito renunciou ao cargo, assim como todos que estavam na linha sucessória, que acabou parando em Áñez, então segunda vice-presidente do Senado.
Ela se autoproclamou presidente interina da Bolívia, em uma sessão parlamentar boicotada pelo Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Morales, e governou por cerca de um ano.
Depois de o governo provisório adiar as eleições diversas vezes, os bolivianos voltaram às urnas em outubro de 2020 e escolheram Luis Arce, do MAS, como seu novo presidente.
(*) Com Ansa e TeleSur.