Em uma decisão sem precedentes na Argentina, a Justiça determinou nesta quinta-feira (11/12) que vai julgar o vice-presidente Amado Boudou por falsificação de documentos públicos.
Boudou teria falsificado a documentação de um veículo Honda após 10 anos de uso. O carro está incluído em uma disputa legal entre Boudou e a ex-exposa Daniela Andriuolo, que exige metade do valor do veículo como parte na divisão de bens do divórcio. Segundo a legislação da Argentina, a pena para o crime é de um a seis anos de detenção.
Agência Efe
Boudou será julgado por ter supostamente falsificado documentos de um veículo Honda
A decisão coloca Boudou como o primeiro vice-presidente no exercício do cargo a ser julgado e aumenta a pressão para que ele, atualmente liderando a delegação do país na COP-20, em Lima, se afaste do cargo. A presidente Cristina Kirchner ainda não se manifestou.
A defesa do vice-presidente chegou a pedir o encerramento do caso ao juiz Claudio Bonadío, que rejeitou os recursos, alegando que não havia irregularidades. O juiz também determinou o julgamento de Agostiniana Seguin, ex-mulher do vice-presidente e que utilizava o carro, de uma chefe da Direção Nacional de Registros de Propriedade Automotiva (DNRPA) e de dois funcionários do órgão.
Segundo a decisão de Bonadío, o promotor considerou provado que os acusados atuaram “associadamente com a finalidade de conseguir a transferência irregular – mediante documentação falsa – do automóvel”.
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O vice-presidente terá que comparecer no Tribunal Oral Federal 1 de Buenos Aires, mas não há data para a audiência.
Boudou também é investigado por suborno e por ter feito operações “incompatíveis” com o cargo que ocupava na época em que era ministro da Economia (2009-2011), no primeiro governo de Cristina.
Repercussão
Opositores pediram a saída de Boudou do cargo.
“Quero que Boudou seja preso”, afirmou a deputada opositora Elisa Carrió à emissora TN.
“O que mais deve ocorrer em uma república séria para que um vice-presidente deixe o cargo e use todo seu tempo para resolver os problemas judiciais?”, disse, ao mesmo canal, o senador Luis Juiz, da Frente Cívica.
Segundo o jornal Clarín, fontes da Casa Rosada consideram que a ação é uma “operação midiática” a fim de constranger o governo Cristina e uma forma de atingir a presidente, que está entrando no último ano de mandato. No entanto, as mesmas fontes reconhecem que a ação da Justiça gera “desgaste” à gestão.
(*) Com Efe