O Tribunal Superior de Justiça do Paquistão decretou nesta terça-feira (09/05) a prisão de Imran Khan, ex-premiê do país e líder do partido Movimento Paquistanês pela Justiça (PTI, sigla de “Pakistan Tehreek-e-Insaf”, seu nome em urdu, o idioma local).
Além do ex-premiê, também foi decretada a prisão de sua atual esposa, Bushra Bibi, pertencente a um clã poderoso do país ligado ao setor imobiliário. Ambos estavam no edifício do Tribunal quando ouviram a decisão e foram levados pela polícia de Islamabad, capital do país.
A decisão judicial que levou o casal à prisão diz respeito, justamente, a supostos contratos do governo paquistanês com magnatas do setor imobiliário, no qual o Tribunal Superior afirma haver indícios de favorecimento ilegal e desvio de verbas públicas de cerca de 50 bilhões de rúpias paquistanesas [equivalentes a R$ 874 milhões].
Imran Khan foi primeiro-ministro do Paquistão entre agosto de 2018 e abril de 2022. Sua queda do poder foi resultado de um processo de impeachment que, segundo ele, foi provocada por influência do governo dos Estados Unidos. Esse também é o argumento usado pelos seus advogados e pelo partido PTI nesta terça: após a decisão da Justiça.
Instagram / Imran Khan
Ex-premiê Imran Khan acusa Estados Unidos de influenciarem a Justiça paquistanesa em decisão que determinou sua prisão
Vale lembrar, também, que Khan foi vítima de um atentado em novembro de 2022, quando um grupo de atiradores realizou disparos durante um comício que ele realizava na cidade de Wazirabad, no Nordeste do país. Ele chegou a ser baleado na perna, mas foi socorrido e conseguiu sobreviver. Entre o público do comício, uma pessoa morreu e oito ficaram feridas. Na ocasião, o PTI também afirmou que o governo dos Estados Unidos teria vinculação com a tentativa de assassinato.
Após a prisão de Khan e Bidi, milhares de apoiadores do PTI foram as ruas e iniciaram diferentes focos de manifestações em todo o país. Um desses grupos chegou a invadir uma base militar na cidade de Rawalpindi, nas proximidades da capital Islamabad, no Norte do país.
Quem é Imran Khan
No Paquistão, Khan é considerado um político de centro, já que o PTI se caracteriza por se mostrar antagônico aos partidos tradicionais tanto de esquerda quanto de direita. Seu discurso mescla o ultranacionalismo paquistanês, a defesa de valores religiosos islâmicos e a promoção do Estado como provedor de serviços públicos e do bem-estar social.
Durante seu período como primeiro-ministro, Khan manteve bom relacionamento com os Estados Unidos enquanto o presidente do país era o republicano Donald Trump, mas essa situação teria mudado após a chegada de Joe Biden, quando o político passou a afirmar que o governo norte-americano buscava desestabilizá-lo.
Além de Trump, o Paquistão de Khan também manteve boas relações com o mandatário russo Vladimir Putin, com o chinês Xi Jinping e com o ex-presidente iraniano Hassan Rohani (2013-2021).
Com informações de TeleSur, Al Jazeera e Notícias ao Minuto