Quatro supostos militantes de ultradireita foram indiciados nesta sexta-feira (16/12) em Lyon, no leste da França. Eles são suspeitos de provocar os tumultos após o jogo França x Marrocos, na quarta-feira (14/12), pela semifinal da Copa do Mundo.
O anúncio foi feito nesta sexta-feira (16/12) pelo Ministério Público francês. Na noite de quarta-feira (14/12), confrontos opuseram torcedores e um grupo de jovens suspeitos de pertencer ào movimento de ultradireita, que se enfrentaram na Place Bellecour, em Lyon. “Houve uma briga e a polícia interveio rapidamente para afastar o grupo e segui-lo”, segundo a Secretaria de Segurança Pública. Um total de oito pessoas foram presas naquela noite.
Nesta sexta-feira, quatro dos oito suspeitos foram indiciados “por atos de participação em grupo constituído com intenção de promover violência ou degradação e participação em multidão com arma e/ou rosto encoberto”, diz a nota à imprensa divulgada pelo Ministério Público francês.
O grupo é “suspeito de pertencer ao movimento de extrema direita e de ter participado” de uma “reunião que tinha como objetivo cometer violência racista”.
O Ministério Público instaurou um inquérito que “deve permitir a identificação e detenção de coautores ou cúmplices que possam ter participado na prática ou na preparação destes fatos”, completa a nota.
Na quinta-feira (15/12), autoridades locais denunciaram a violência e o conselho municipal votou a favor do “fechamento definitivo”, na parte histórica da cidade de Lyon, dos redutos de grupos identitários: um bar (“La Traboule”) e uma academia de boxe (“l’Agogé”).
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Incidentes provocados por grupos de extrema direita ocorreram principalmente em Lyon, no leste da França
Os dois locais, segundo o conselho, continuam “sendo o ponto de encontro de grupos de extrema direita que exercem regularmente a violência no nosso território”. As autoridades ressaltam que o Traboule “era a sede da extinta organização ‘Geração Identidade’” – grupo utradireitista francês.
Outros incidentes
As autoridades francesas também lembraram que o incidente desta quarta-feira se somou a uma série de outros ocorridos há alguns meses.
Entre eles, um desfile em Lyon, no dia 21 de outubro, “com slogans racistas”, organizado à margem de uma manifestação em memória de Lola, uma adolescente brutalmente assassinada em Paris por uma imigrante argelina.
Outro confronto violento com a polícia ocorreu em 26 de novembro em uma manifestação pelo fim da violência contra as mulheres. Os ultradireitistas usaram “armas de categoria D” (cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo) na ocasião.
A extrema direita se mobilizou em várias cidades francesas após a semifinal da Copa do Mundo, segundo o Ministério do Interior. Em Paris, 40 pessoas próximas à extrema direita foram presas por associação para cometer violência e porte de armas proibidas.