“[Karl] Marx é frequentemente caracterizado como um pensador antiecológico. Mas sempre fui muito familiarizado com sua escrita para levar essa crítica a sério. Ele tinha, como eu sabia, demonstrado uma profunda consciência ecológica em vários pontos de sua obra”, é o que afirma o pesquisador e ativista marxista norte-americano John Bellamy Foster em A ecologia de Marx: materialismo e natureza (Editora Expressão Popular).
Foster reconstrói passo a passo o percurso investigativo de Marx em busca de uma leitura materialista da história que se prova profundamente ecológica. A primeira edição em inglês do livro foi feita há mais de 20 anos, e a publicação em português, da editora Civilização Brasileira em 2005, está esgotada.
A obra fornece “bases para que novas gerações de pesquisadores e militantes não repitam erros de leituras rasas do passado” sobre a relação entre o intelectual alemão e a natureza. A ecologia de Marx: materialismo e natureza tem como objetivo “atualizar as lutas que realmente se fazem necessárias no âmbito do pensamento socialista científico”.
É pensando nessas novas bases que a Editora Expressão anunciou a reedição do livro, compreendo a necessidade de fundamentar os argumentos sobre estas mudanças, que, para eles, são “provocadas pela exploração capitalista, que estão piorando radicalmente a vida no e do planeta”.
“Em nenhum momento o domínio da natureza externa foi simplesmente ignorado na análise de Marx. Porém, ao desenvolver o materialismo histórico, ele tendia a lidar com a natureza unicamente na medida em que ela era trazida dentro da história humana, já que ficava cada vez mais difícil de encontrar uma natureza intocada pela história humana”, defende a obra de Foster.
O autor, pesquisador e professor se dedica, desde 2004, na edição da Monthly Review, uma revista socialista publicada mensalmente em Nova York. Além disso, Foster investiga criticamente sobre teoria e história, focando-se nas contradições econômicas, políticas e ecológicas do capitalismo e do imperialismo.