A escalada de tensões continua entre a Sérvia e o Kosovo, que fechou nesta quarta-feira (28/12) sua maior passagem de fronteira entre os dois países. A decisão é uma resposta aos bloqueios montados por manifestantes sérvios dentro do território kosovar e ao envio de tropas à fronteira pelo governo da Sérvia.
A minoria sérvia na cidade de Mitrovica, no norte do Kosovo, ergueu novas barricadas na terça-feira (27/12), horas depois de a Sérvia ter colocado seu Exército em alerta máximo.
O Ministério das Relações Exteriores do Kosovo anunciou em sua página no Facebook que a travessia de Merdare, a mais importante para o transporte rodoviário de mercadorias, estava fechada desde a meia-noite.
“Se você já entrou na Sérvia, deve usar outras passagens de fronteira (…) ou passar pela Macedônia do Norte”, acrescentou.
Desde 10 de dezembro, quando os sérvios no norte do Kosovo, apoiados por Belgrado, montaram inúmeras barricadas em Mitrovica e seus arredores, duas passagens de fronteira foram fechadas e três permanecem abertas.
A minoria sérvia no Norte pede em particular a libertação de um ex-policial sérvio acusado de agredir policiais em serviço durante protestos.
O Ministro do Interior do Kosovo, Xhelal Sveçla, acusou a Sérvia de tentar desestabilizar Kosovo com o apoio da Rússia, incentivando o movimento de contestação.
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Sérvios se manifestam para o apoiar o país no conflito contra Kosovo
Kremlin declara apoio à Sérvia
Por sua vez, o Kremlin declarou nesta quarta que apoiava as tentativas da Sérvia de proteger a minoria sérvia no norte do Kosovo, mas negou a acusação de Pristina de que a Rússia estava alimentando as tensões nos Bálcãs.
“A Sérvia é um país soberano e é absolutamente errado buscar uma influência destrutiva da Rússia aqui”, disse disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
Cerca de 50.000 sérvios vivem na parte norte do Kosovo e se recusam a reconhecer o governo de Pristina ou o Estado kosovar. Eles consideram Belgrado como sua capital.
O atrito das últimas semanas entre as duas comunidades surgiu do desejo das autoridades de Pristina de exigir a remoção das placas sérvias anteriores à guerra de Kosovo de 1998-1999, que levou à independência.
O que querem os sérvios?
O Kosovo, que é habitado majoritariamente por albaneses étnicos, declarou sua independência da Sérvia em 2008.
A minoria sérvia, que não reconhece o governo de Pristina nem das instituições públicas kosovares, representa cerca de 5% da população do Kosovo, de 1,8 milhão de habitantes. Os albaneses representam cerca de 90% deles.
Os sérvios presentes no Kosovo manifestam a sua hostilidade recusando-se, por exemplo, a pagar a distribuidora de energia do Kosovo pela eletricidade que usam. Eles também confrontam regularmente a polícia.
Os sérvios do Kosovo querem criar uma comunidade de municípios de maioria sérvia que funcionariam com maior autonomia no território.
A Sérvia e o Kosovo, no entanto, fizeram pouco progresso nesta questão desde que se envolveram em 2013 em negociações apoiadas pela União Europeia.