Quarta-feira, 19 de novembro de 2025
APOIE
Menu

O Kremlin revelou, neste sábado (24/06), detalhes do acordo com a empresa militar privada Wagner PMC (ou Grupo Wagner), alcançado neste mesmo dia graças a mediação do presidente da Bielorrússia, Aleksandr Lukashenko.

Entre os principais pontos do acordo está a garantia dada pelo governo russo de que nenhum combatente do Wagner sofrerá qualquer tipo de punição ou processo judicial devido à sua participação na revolta.

O mesmo vale para o líder do grupo paramilitar, Yevgeny Prigozhin. Seu caso é mais complexo, já que, diferente dos demais combatentes, ele chegou a ter um processo aberto contra si pelo Serviço Federal de Segurança da Rússia e pela Procuradoria Geral, sob a acusação de incitação a uma rebelião armada, cuja condenação poderia render uma pena de entre 12 a 20 anos de prisão.

Segundo o acordo, as ações judiciais contra Prigozhin serão arquivadas, e ele receberá um salvo-conduto para poder viajar a Minsk, capital da Bielorrússia, onde receberia asilo político.

Em uma coletiva de imprensa, neste mesmo sábado, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, foi perguntado sobre as garantias dadas pelo governo russo de que os parâmetros do acordo serão respeitados, especialmente no caso do salvo-conduto ao líder do Grupo Wagner: “a garantia é a palavra do presidente russo”, respondeu o funcionário, em alusão a Vladimir Putin.

Peskov também ressaltou que “o governo da Rússia sempre respeitou o trabalho feito pelos combatentes (do Wagner) e espera que muitos deles estejam dispostos a assinar novos contratos com o Ministério da Defesa”.

Porta-voz Dmitri Peskov afirmou que Moscou dará um salvo-conduto ao líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, para que ele possa se exilar na Bielorrússia

TASS

Mediação do presidente bielorrusso Aleksandr Lukashenko foi decisivo para Rússia superar conflito com Grupo Wagner

Entretanto, o porta-voz esclareceu que a oferta será entregue somente aos soldados que se recusaram a participar da marcha de Prigozhin em direção a Moscou, o que revelou que havia uma divisão dentro do Wagner entre setores mais leais ao líder do grupo, e outros nem tanto.

Reconhecimento a Lukashenko

Outro ponto enfatizado por Peskov durante a coletiva foi o reconhecimento do Kremlin ao papel do presidente Lukashenko, da Bielorrússia, na mediação das negociações com Prigozhin, “cumprindo com o objetivo principal, que era evitar o derramamento de sangue e um possível confronto interno em nosso território”.

O porta-voz esclareceu que a iniciativa de conversar com o líder do Grupo Wagner partiu do próprio mandatário bielorrusso. “Temos entendido que eles (Lukashenko e Prigozhin) se conhecem pessoalmente há cerca de 20 anos, o que pode ter facilitado o diálogo, por isso, após o acordo, o presidente Putin pediu a Minsk que mantenha os esforços para solucionar definitivamente o conflito”, acrescentou Peskov

No entanto, uma das dúvidas a respeito do conflito ainda ficou sem resposta. Entre as demandas apresentadas pelo Grupo Wagner durante a revolta estava a de uma reorganização do Ministério de Defesa russo, começando pela queda do ministro Sergei Shoigu, desafeto de Prigozhin.

Segundo o porta-voz Peskov “essa decisão (de manter ou demitir Shoigu) está nas mãos do presidente Putin e não fez parte do acordo nenhum tipo de exigência que condicione medidas que são atribuições exclusivas da Presidência”.

O funcionário do Kremlin também assegurou que “apesar de uma jornada bastante difícil e cheia de acontecimentos trágicos, podemos dizer que ela não teve maiores repercussões na operação militar”, em referência ao conflito com a Ucrânia.

Com informações de RT e Sputnik News.