Atualizada às 17h27
Pelo menos 20 pacientes com ebola que fugiram de um hospital onde recebiam tratamento na Libéria foram resgatados, informou o ministro da informação do país, Lewis Brown, nesta terça-feira (19/08). O incidente aconteceu no sábado (16/08) quando dezenas de pessoas invadiram um centro de isolamento na comunidade de West Point.
Agência Efe
Homem com gerador retirado de centro de tratamento é escoltado por soldados em West Point
“Nós estamos satisfeitos por confirmar que todos os indivíduos foram encontrados e transferidos para o centro de tratamento especializado JFK Ebola”, disse Brown, como informou a agência de notícias Reuters.
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O ministro esclareceu que essas pessoas não fugiram intencionalmente e sim devido ao “pânico para se manterem a salvo” após o susto provocado pela invasão do centro. O incidente aumentou ainda mais o temor de contágio na comunidade já que o risco de propagação do vírus é alto.
A invasão
Em entrevista à emissora alemã Deutsche Welle, o ministro da Saúde e Bem-Estar Social, Walter Gwenigale, esclarece que o ataque ao hospital foi feito porque a área com os pacientes deveria ser destinada às pessoas da comunidade de West Point, mas havia a suspeita de que pessoas de outros lugares estavam sendo levados para lá.
O problema, segundo Gwenigale, é que colchões, lençóis e outros equipamentos levados pelos invasores continham sangue e secreções dos pacientes que estavam em tratamento ou em quarentena, o que aumenta o risco de contaminação. De acordo com o ministro, esses colchões foram levados para as casas dessas pessoas, aumentando muito o risco de contaminação, já que o vírus do ebola é transmitido pelo contato com secreções de pessoas contaminadas.
Agência Efe
Enfermeiras recolhem corpo no hospital em Monrovia, na Libéria
“Ebola não existe”
Os jovens que invadiram o centro de quarentena estavam armados com porretes e gritavam “não há ebola na Libéria”. A descrença na doença e a resistência em acatar as recomendações das autoridades de saúde com relação ao tratamento que deve ser dispensado aos corpos têm agravado a situação na Libéria.
Isso porque a tradição no país impede que o caixão seja lacrado. Além disso, os corpos são lavados, fazendo com que as pessoas tenham contato com sangue e secreções corporais das vítimas e também contraiam o vírus.
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Mas Gwenigale considera que a situação está mudando. “Agora muitas pessoas acreditam que isso é real e estão tentando ajudar a controlar a doença”, afirmou após ressaltar que o controle da epidemia ainda vai levar algum tempo devido ao fato de ela ter chegado a áreas densamente povoadas.
Liberianos, no entanto, criticam a postura do governo diante da crise instaurada no país. Em entrevista à agência AFP, Sheikh Idrissa Swaray, pai de uma das vítimas do vírus afirmou que a maneira como o governo tem agido é “completamente errada” e denunciou que corpos de pessoas mortas pelo vírus são deixados jogados sem que nenhuma autoridade os recolha.
1.200 mortos
Somente na Libéria, 466 pessoas morreram e 834 foram infectadas pelo vírus que mata entre 50% e 90% das vítimas.
Os dados atualizados da OMS (Organização Mundial de Saúde) divulgados hoje informam que desde março a epidemia já matou 1.229 pessoas e infectou 2.240 na África Ocidental.
Somente em três dias, entre 14 e 16 de agosto, o vírus provocou a morte de 84 pessoas e 113 novos casos foram confirmados, informou a OMS.
O ministro também afirmou que os três médicos infectados que receberam o medicamento experimental para a doença, o Zmapp, estão apresentando “notáveis sinais de melhoras”, disse mencionando o médico responsável pelo tratamento.
Falso alarme na Europa
Na Europa, duas pessoas que tiveram contato com o vírus e apresentavam sintomas semelhantes ao ebola foram diagnosticadas com outras doenças.
Em Berlim, na Alemanha, uma nigeriana que teve contato com pessoas infectadas pelo vírus foi examinada e apesar de apresentar sintomas semelhantes ao ebola, foi diagnosticada com gastroenterite.
Em Vizcaya, na Espanha, exames clínicos realizados em um paciente que foi isolado ontem revelaram que ele não tem ebola e sim malária. O homem havia voltado recentemente de Serra Leoa e também apresentava um quadro clínico similar ao do ebola.