Sexta-feira, 13 de junho de 2025
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Hamid tem 20 anos e olhar feliz, apesar de que em 21 de agosto, poucas horas depois do início do ataque a Trípoli, seu irmão mais velho, Ahmad, foi vítima das balas das tropas leais a Muamar Kadafi.

Apenas uma semana antes, membros das mesmas tropas haviam ido a sua casa, localizada em um modesto bairro islâmico da capital, e entregado dois fuzis belgas FN para defendê-lo do “ataque dos ratos”.

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Alguns moradores do bairro, um dos mais pobres de Trípoli, optaram por guardá-las e vendê-las por cerca de 400 dinares (200 euros).

Já os irmãos preferiram escapar e se unir aos rebeldes, que três dias depois tomaram a cidade.

Não existem números precisos sobre a quantidade de armas que Kadafi distribuiu entre a população nas semanas anteriores ao ataque à capital, mas há dezenas de histórias similares à de Ahmad e Hamid.

Também não se sabe de que tipo são nem quantas foram as armas que acabaram nas mãos dos rebeldes, que tiveram acesso quase irrestrito aos arsenais de Kadafi.

Mas organizações internacionais como a HRW (Human Rights Watch) calculam que em todo o país possa haver “dez vezes mais armas” do que as que existiam no Iraque antes da invasão americana de 2003.

“Apesar das sanções, o número de depósitos de armas convencionais é assombroso. Armas provenientes da antiga União Soviética, da Coreia do Norte, da Bélgica, da Espanha. Calculamos que há dez vezes mais do que no Iraque”, explica à agência Efe Peter Bouckaert, representante da HRW em Trípoli.

Consciente do problema, o Comitê Militar criado pelos rebeldes iniciou uma campanha para tentar encontrar e recuperar todas as armas. Há dias, patrulhas rebeldes visitam os bairros casa por casa e pedem às famílias que entreguem qualquer pistola ou fuzil que possuam.

A entrega fica registrada em um formulário no qual se coloca o nome da pessoa, endereço, telefone e a descrição da arma apreendida.

“O problema é que não sabemos quantas armas há. Kadafi distribuiu muitas, mas verificamos que muita gente as vendeu, sobretudo nos bairros pobres”, admitiu à Efe o comandante rebelde Hamis Zintani. “Por isso, agora começamos também a oferecer dinheiro para que a população as entregue”, acrescentou.

No entanto, não são as armas leves e convencionais – visíveis em qualquer esquina do país – que preocupam as novas autoridades e a comunidade internacional, mas outras de maior poder destrutivo, como as lança-granadas e as plataformas de lançamento de mísseis que existiam nos armazéns de Kadafi.

“A maioria já foi recolhida e o resto achamos que estão com as tropas de Kadafi [que resistem] em Sirte”, explica o comandante Zintani, uma hipótese que por enquanto é quase impossível de verificar.

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Líbia tem dez vezes mais armas nas mãos da população do que o Iraque em 2003, calcula ONG

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