Tropas leais ao general Khalifa Hafter iniciaram nesta quinta-feira (04/03) uma ofensiva militar contra a cidade de Trípoli, na Líbia, onde está localizado o “governo provisório” chamado de Acordo Nacional, comandado pelo primeiro-ministro Fayez al Sarraj.
“Aqui estamos nós, Trípoli. Heróis, a hora soou, chegou o momento. Nosso encontro é com a conquista”, diz uma mensagem em áudio de Haftar, que comanda o Exército Nacional Líbio (ENL), baseado em Tobruk, no leste do país, que não reconhece a legitimidade do governo em Trípoli e reivindica o comando do país.
O ato ocorre a menos de 10 dias de mais uma conferência internacional para tentar reunificar a Líbia. O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, que está em Trípoli, fez um apelo por “calma e moderação” e salientou que seria “impossível” realizar a conferência sob essas condições.
Por sua vez, a União Europeia declarou que “a escalada militar em andamento na Líbia e o agravamento da retórica […] arriscam levar a confrontos incontroláveis”. Tanto as Nações Unidas quanto a UE reconhecem o Governo do Acordo Nacional, em Trípoli.
Guerra civil
A Líbia se fragmentou politicamente após a queda de Muammar Kadafi, em 2011, e desde então é palco de conflitos entre milícias. Haftar é um dos principais personagens desse período e controla territórios no leste do país, baseando seu “governo” na cidade de Tobruk.
Ex-aliado de Kadafi, ele ajudou o coronel a derrubar o rei Idris, em 1969, mas rompeu com o ditador em 1987, após ter sido capturado no Chade. De lá, guiou, com o apoio da CIA, um fracassado golpe contra Kadafi. Por duas décadas viveu como exilado nos Estados Unidos e ganhou cidadania norte-americana.
O conflito líbio também virou palco de uma disputa por influência entre Itália e França: enquanto Roma é aliada de Sarraj e tem um programa para treinar a Guarda Costeira do país africano para resgates de migrantes no Mediterrâneo, Paris busca legitimar o papel de Haftar na Líbia.
*Com ANSA e ONU News
Reprodução
Ex-aliado de Kadafi, Khalifa Hafter não reconhece legitimidade do governo em Trípoli e reivindica comando do país