A chefe de governo de Hong Kong, Carrie Lam, negou qualquer intenção de renunciar ao cargo depois de falar em um áudio vazado que “pediria demissão se pudesse”.
Na última segunda-feira (02/09), uma gravação, de 24 minutos, captada em uma reunião a portas fechadas entre Lam e empresários, foi divulgada pela agência Reuters. “Se eu tiver uma escolha, a primeira coisa é sair e pedir desculpas sinceras”, disse.
A mandatária ainda sugere que a impossibilidade de escolher seu futuro se deve ao fato de que seu governo serve “a dois mestres, pela Constituição”: o povo de Hong Kong e o governo chinês.
Carrie também disse, no áudio, que os protestos no território são um problema de segurança nacional e que a China não tem um prazo para resolver a crise em Hong Kong e que as autoridades não enviariam tropas para encerrar os protestos.
Hoje, apesar de afirmar que “nunca pediu demissão”, Lam não negou a autenticidade do áudio durante a coletiva de imprensa semanal. “A escolha de não renunciar é minha própria escolha”, afirmou, insistindo que quer ajudar o território em uma “situação muito difícil e servir o povo”.
“Foi uma conversa privada que foi divulgada ao público”, afirmou a líder de Hong Kong, acrescentando que considera o episódio “inapropriado” e “muito decepcionante”.
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Áudio mostra Carrie Lam dizendo que renunciaria "se pudesse"
O vazamento veio à tona em meio à série de protestos contra o governo de Hong Kong, que foram desencadeados pela votação de um projeto de lei que autoriza a extradição de suspeitos de crime para a China continental, mas ganharam força também em prol de democracia. Além disso, Lam, que arquivou o projeto, tornou-se alvo dos manifestantes.
“Estamos estudando todas as soluções legais para resolver a situação. O cenário atual é bastante desafiador, mas a melhor maneira de lidar com isso é através da comunicação e do diálogo com pessoas de diferentes status sociais e posições políticas”, observou.
As declarações da governadora de Hong Kong foram dadas um dia depois que centenas de estudantes universitários e de ensino médio boicotaram o início do ano letivo. O novo ato ocorreu depois de manifestantes terem bloqueado novamente o Aeroporto Internacional do território.
Desde o início dos protestos, 1.117 pessoas já foram presas, de acordo com balanço da polícia, sendo 159 apenas no último fim de semana.