Thurston Moore é o mais recente artista a expressar apoio à BDS (campanha global pelo boicote, desinvestimento e sanções contra Israel). O fundador da banda de rock alternativo Sonic Youth afirmou que sua apresentação em Tel Aviv foi cancelada em abril de 2015 por uma questão de “conflito de valores” com o país, reportou nesta quarta-feira (24/06) o jornal Middle East Monitor.
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Moore se comprometeu a respeitar o boicote “até o momento em que ele for enfim desnecessário”
À época do cancelamento do show, Moore não dera explicações sobre o real motivo pelo qual deixaria de ir à capital israelense, onde já havia se apresentado em 1996. Contudo, em conversas com o músico palestino-britânico Samir Eskanda, ele revelou que estava passando por um “processo de decisão consciente” acerca do concerto em Israel.
O diálogo entre os dois artistas foi exposto por Eskanda em um artigo publicado na revista eletrônica The Quietus, intitulado “I’m One Of 1000 UK Artists Boycotting Israel. Here’s Why” (“Eu sou um dos 1.000 artistas do Reino Unido que estão boicotando Israel. Eis o porquê”).
“Eventualmente cheguei a uma conclusão pessoal que tocar com a minha banda em Israel iria a um conflito direto com meus valores. Com a percepção de que o boicote cultural e acadêmico é central para os propósitos de expor a realidade de violações brutais de direitos humanos — incluindo as leis discriminatórias de Israel e a ocupação da Cisjordânia — eu senti a necessidade, com humildade, de cancelar o compromisso”, argumentou Moore a Eskanda.
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Segundo o fundador do Sonic Youth, trata-se de um engajamento em solidariedade à luta palestina e do empoderamento da escolha por um ativismo não violento. Embora tenha admitido que o show em Tel Aviv de 1996 tenha sido uma “experiência maravilhosa”, Moore se comprometeu a respeitar o boicote “até o momento em que ele for enfim desnecessário”.
Entre os apoiadores da campanha pelo boicote cultural está a cantora norte-americana Lauryn Hill, que cancelou há dois meses o show que faria em Tel Aviv por não conseguir agendar data para concertos também em territórios palestinos. No passado, outros artistas como Elvis Costello e Carlos Santana também desmarcaram apresentações em Israel, depois de intensa pressão de grupos pró-palestina.
Na terça-feira (23/06), o músico brasileiro Caetano Veloso afirmou em carta que manterá o seu concerto previsto para 28 de julho na capital israelense. Trata-se de uma resposta ao apelo do ex-Pink Floyd e compositor inglês Roger Waters pelo cancelamento de um show que Caetano fará com Gilberto Gil.
Além de Waters, nomes como o Nobel da Paz sul-africano e importante figura na luta antiapartheid Desmond Tutu, o ex-ministro de Direitos Humanos do Brasil Paulo Sérgio Pinheiro, além de quase 30 grupos de ativistas de movimentos sociais brasileiros também fazem coro pelo boicote ao show dos ícones da Tropicália. Nesta semana, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, disse que “se estivesse no lugar” de Caetano e Gil, “cancelaria o show”.