O líder opositor boliviano Luis Fernando Camacho, governador do departamento de Santa Cruz, foi preso nesta quarta-feira (28/12) pela polícia boliviana, segundo o ministro de governo da Bolívia, Eduardo del Castillo.
“Informamos ao povo boliviano que a polícia cumpriu o mandado de prisão contra o senhor Luis Fernando Camacho”, escreveu o ministro em sua conta de Twitter.
Informamos al pueblo boliviano, que la Policía Boliviana dio cumplimiento a la orden de aprehensión en contra del señor Luis Fernando Camacho.
Información en desarrollo.
— Carlos Eduardo Del Castillo Del Carpio (@EDelCastilloDC) December 28, 2022
O ministro, porém, não especificou o delito que gerou o mandado de prisão contra o político de Santa Cruz.
Camacho vinha sendo investigado pelo crime de terrorismo e atentado às instituições, devido à sua participação no golpe de Estado contra Evo Morales, em novembro de 2019, e esta é a principal hipótese levantada pela imprensa local.
No dia do golpe, em 11 de novembro de 2019, ele chegou a invadir o Palácio Quemado, sede do Poder Executivo, com uma Bíblia e uma bandeira da Bolívia. Ali realizou uma live na qual cantou o hino do país ajoelhado e leu salmos e outras passagens bíblicas que, segundo ele, justificavam o golpe.
Facebook / Luis Fernando Camacho
O governador do departamento boliviano de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho
Camacho tinha um depoimento formal perante a Justiça boliviana marcada para novembro passado, justamente no processo no qual é réu, por sua participação no golpe, mas a intimação foi remarcada devido ao movimento organizado pela oposição em Santa Cruz reivindicando um novo censo no país – os protestos cessaram dias atrás, após o presidente boliviano Luis Arce promulgar a lei do novo censo, marcando o início desse processo para o dia 23 de março de 2024.
Entretanto, o diário La Razón noticiou no início de dezembro que Camacho também é suspeito em um caso de estupro de uma menina de cinco anos ocorrido em 1987, quando o atual governador de Santa Cruz tinha 10 anos.
O advogado do governador, Martín Camacho, disse ao diário boliviano El Deber que o político “foi retirado à força do seu veículo, em uma operação policial absolutamente irregular”.
O defensor afirma que a prisão é baseada em uma “montagem” e parte de uma “perseguição política” por parte do governo boliviano.